CDU - Coligação Democrática Unitária - PCP-PEV | Eleições Autárquicas 2017
Contagem terminada

Câmara Municipal

4

Mandatos

3520(49.04%)

Votos

Maioria CDU

Assembleia Municipal

12

Mandatos

3516(48.98%)

Votos

Assembleias de Freguesia

26

Mandatos

3442(47.95%)

Votos

Maiorias CDU: 4

Freguesias de Maioria CDU

  • Brinches
  • Pias
  • Vila Verde de Ficalho
  • Vila Nova de São Bento e Vale de Vargo

Câmara Municipal

Tomé Pires

40 Anos. Engenheiro Técnico Civil

PCP

Assembleia Municipal

João Palma

58 Anos. Inspector Tributário

Independente

Terra e património são as principais alavancas para continuar a desenvolver Serpa

Entrevista a Tomé Pires, presidente da Câmara Municipal de Serpa

A terminar o seu primeiro mandato à frente do município de Serpa, Tomé Pires valoriza o trabalho realizado nas últimas décadas e aposta na continuidade de uma estratégia que muito deu ao concelho e à sua população. Aproveitar os principais recursos locais, a terra e o património, é o objectivo central da CDU.

Ao fim de quatro décadas a comandar os destinos do concelho, o que tem a CDU a oferecer hoje à população de Serpa?
Aqui em Serpa, a palavra chave é «continuidade». Queremos continuar a trabalhar, como temos feito até aqui, para melhorar a qualidade de vida dos nossos munícipes. E isso passa desde logo por encontrar soluções para o principal problema do interior do País, e em particular do Alentejo, que é a falta de emprego. Podemos fazer o melhor trabalho do mundo, ter tudo em condições e possuir todo o tipo de equipamentos, mas se não tivermos cá pessoas todo este trabalho serve de pouco... 

Como pode uma Câmara Municipal contribuir para resolver este problema, que é estrutural e de âmbito nacional?
Existem dois níveis de trabalho numa autarquia: fazer o que lhe compete e exigir do Estado a realização de investimentos e a resposta a determinadas preocupações das populações, para que o trabalho realizado localmente dê frutos. Por exemplo, podemos criar excelentes áreas industriais, mas se não houver boas vias de comunicação a instalação das empresas torna-se mais difícil.

No futuro continuaremos a fazer o que temos feito: exigir investimentos do Estado central que contribuam para a criação de postos de trabalho e procurar, nós próprios, criar condições para atrair empresas que possibilitem a manutenção e criação de postos de trabalho. É com este objectivo que nos temos procurado aproximar de um desenvolvimento sustentável que tenha por base os nossos principais recursos, a terra e o património.

No que respeita ao primeiro desses recursos, a terra, quais são as prioridades da acção municipal e as possibilidades de, nestas matérias, ter uma acção determinante?
Procuramos contribuir para que seja potenciado e melhorado o aproveitamento do sistema de regadio de Alqueva e diversificado tanto os tipos de cultura como os modos de produção. Entendemos que não se deve insistir apenas na produção intensiva, que é a que predomina, mas também no modo biológico, que para além de ter muito menos impactos ambientais potencia a criação de postos de trabalho, pois há mais tarefas que têm que ser feitas por pessoas e não pela Monsanto... Neste momento, a Câmara Municipal de Serpa está a liderar o processo de criação do Centro de Competências da Agricultura Biológica e de Produtos em Modo Biológico, que tem por objectivo ligar a investigação à produção e aos produtores. É uma iniciativa com muito futuro. 

Trata-se, portanto, de intervir ao nível do uso da terra...
Sim, mas não só. Procuramos também atrair investimento na área da agro-transformação, tentando promover os nossos produtos. Temos uma zona industrial em Serpa e mais duas zonas de actividades económicas – uma em Pias e outra em Vila Nova de São Bento –, o que num concelho do interior com a nossa população é bastante considerável. Estas infra-estruturas têm sido melhoradas ao longo dos tempos. Já este ano alargámos a de Serpa e estamos a trabalhar na ampliação das outras duas. 

Falaste também do património como um dos principais recursos do concelho de Serpa. A este nível, quais as prioridades?
A primeira ideia é continuar o trabalho de salvaguarda que tem sido feito (e que pela sua natureza está sempre inacabado) e procurar utilizá-lo de forma equilibrada como ajuda ao desenvolvimento económico e social do concelho, através do turismo. Mas neste mandato avançámos também na requalificação e ampliação da rede museológica, não nos ficando pelos museus dentro de quatro paredes, mas assumindo todo o território como um museu, um conceito a que chamamos Serpa, Museu Aberto. Definimos novos pontos de interesse e os seus conteúdos e divulgamos esta informação para que o nosso território possa ser ainda mais atractivo. 

Há alguma iniciativa que destaques nesta área?
Avançámos com uma candidatura de 300 mil euros ao Portugal 2020, que foi aprovada, intitulada Serpa, Terra Forte – Promoção Turística, em que uma das suas vertentes é a criação de um guia interactivo (mobile web) onde surgem todos os pontos de interesse do concelho, dos quais cerca de 30 terão realidade aumentada. Descarregando a aplicação, será possível, no centro de Serpa, não só conhecer o interesse histórico e patrimonial do local mas também «ver» a serpente a voar no céu e saber mais sobre a Serpis e a Lenda de Serpa. Em Vale de Vargo poderemos «observar» uma manifestação virtual e aprender sobre a importância daquela população para o derrube da ditadura. 

E ao nível do rico património natural da região, existe alguma matéria relevante?
Sim, conseguimos também aprovar uma candidatura para a construção de uns passadiços na zona do Paúl do Logo, no Parque Natural do Guadiana, que será um dos primeiros equipamentos a melhorar as condições de visitação deste importante património. Antes, já tínhamos melhorado a estrada municipal que faz ligação a esse local. Tudo isto, evidentemente, sem esquecer todo o trabalho que temos que fazer diariamente de manter as escolas, assegurar e melhorar os serviços de limpeza, distribuir a água à população nas melhores condições, cuidar dos nossos equipamentos... 

O que num concelho tão bem equipado com um território tão vasto não deve ser tarefa fácil...
Ao longo do tempo fomos conseguindo fazer nas várias freguesias e lugares do concelho diversos e importantes equipamentos. Agora já não haverá tanta necessidade de construir, trata-se sobretudo de manter e desenvolver o que existe. Mas como é evidente, será sempre preciso construir mais um ou outro equipamento que falte, como sucedeu com o Pavilhão Desportivo de Vila Nova de São Bento, que serve fundamentalmente a comunidade escolar, e o Parque Multiusos de Pias, onde será instalado um auditório com cerca de 200 lugares. Construímos também dois campos em escolas que ainda não tinham este equipamento. 

Calculo que se esteja a falar de investimentos avultados para um município como Serpa...
Ao longo dos anos, e penso que de uma forma intencional, o poder central tem vindo a reduzir as transferências anuais para os municípios, o que acaba por atribuir uma maior importância aos fundos comunitários. No nosso caso, somos uma autarquia totalmente estável do ponto de vista financeiro e preparadíssima para enfrentar o novo quadro comunitário. Mas fomos já avançando com algumas intervenções, como o Jardim e o Mercado municipais e a Galeria de Arte Contemporânea. Em breve iniciaremos a requalificação da Torre do Relógio e do Museu Etnográfico e a criação do Museu do Cante.