O périplo de João Ferreira, primeiro candidato da CDU, pelo Algarve terminou em Faro, com um comício no Jardim Manuel Bivar, no qual participaram várias centenas de pessoas vindas de vários pontos da região. Também ali, crescem as perspectivas de um bom resultado eleitoral no próximo dia 26 de Maio.
Depois da actuação sentida do «Fadista Motard», João Ferreira começou por acentuar que o trabalho da CDU está ligado à «realidade», ouvindo «as pessoas, os trabalhadores, os micro, pequenos e médios empresários, os agricultores, os pescadores, a juventude», identificando «problemas», denunciando «o que deve ser denunciado, construindo soluções, estimulando a luta e a intervenção cá (em Portugal), para dar força às soluções que exigimos e pelas quais nos batemos lá, no Parlamento Europeu (PE), e mais onde for preciso».
«É tudo isto que explica milhares de perguntas à Comissão Europeia, centenas e centenas de propostas, declarações, relatórios, intervenções», valorizou.
«Prestem contas»
Com as desigualdades e as assimetrias regionais a agravarem-se, João Ferreira trouxe para o debate uma matéria muito importante para a vida dos portugueses: os fundos estruturais e de investimento.
Lançou, por isso, um desafio àqueles que, passados cinco anos de mandato, «a única coisa que conseguem fazer é afundar-se em lutas em torno de questões artificiais e acessórias».
«Digam o que fizeram, prestem contas ao povo como nós fazemos todos os dias, digam claramente quais foram as vossa escolhas, demonstrem em que é que se diferenciam e digam o que propõem no concreto. É assim que se faz política a sério, é assim que se combate a abstenção», salientou, referindo-se, por exemplo, ao posicionamento dos outros candidatos «relativamente aos orçamentos da UE e aos fundos comunitários».
«Culpas no cartório»
«Expliquem aos portugueses porque é que votaram favoravelmente os dois últimos quadros financeiros plurianuais que cortaram e muito nos fundos que Portugal poderia receber» e «porque permitiram, com o seu voto, que a atribuição de fundos a Portugal fique subordinada às orientações e imposições da UE, definidas por quem manda na UE em função dos seus próprios interesses e não dos interesses e das necessidades de países como Portugal», interrogou o candidato, salientando: «Não basta, como vêm agora fazer PS, PSD e CDS esgrimir percentagens de execução dos fundos, com acusações feitas uns aos outros. Todos têm culpas no cartório.»
Dando como exemplo, João Ferreira revelou que o co-financiamento europeu será reduzido no Algarve, o que terá como consequência que empresas, autarquias e associações da região terão maiores dificuldades em utilizar o menor dinheiro disponível. A medida foi apoiada por PS, PSD e CDS.
Voto que não trai
O candidato relembrou que a CDU foi a única força a «defender e a propor o aumento da representação portuguesa no PE», que avançou «com a proposta de atribuição de um apoio especial a Portugal por causa dos brutais incêndios de 2017», que «possibilitou apoiar com fundos da UE a frota do cerco, na paragem da pesca da sardinha», que defendeu «medidas de defesa e valorização da agricultura nacional» e «avanços na preservação do meio ambiente e da saúde pública».
A terminar, pediu «confiança» para «lembrar a cada eleitor que está nas suas mãos escolher» e que «essa é uma responsabilidade que não pode ser deixada para outros». Entre outros, o comício contou com a presença de Vasco Cardoso e Rui Braga, respectivamente da Comissão Política e do Secretariado do PCP, bem como de Rui Ribeiro, o candidato da CDU no Algarve, que também interveio.