Preparar a saída de onde nunca se devia ter entrado

João Ferreira em Torres Novas

«Os que defendem a manutenção no euro a todo o custo têm que dizer que interesses estão a defender.» Este desafio foi deixado por João Ferreira na sessão pública que encheu por completo o salão do cine-teatro Alfa, em Torres Novas. O candidato da CDU lembrou, na ocasião, que desde a adesão do País à moeda única, o endividamento externo e o desemprego atingiram níveis inéditos, ao mesmo tempo que a produção industrial caiu ao nível de 1996; os salários caíram e os lucros aumentaram consideravelmente.

João Ferreira insistiu, então, na necessidade de preparar a saída de Portugal do euro. Explicitando de que saída se trata, o candidato da Coligação garantiu que se deverá tratar de uma saída para defender e recuperar direitos e rendimentos, pelo que terá que ser protagonizada por um governo patriótico e de esquerda e não por um governo, como o actual, que trataria de fazer pagar pela saída do euro os mesmo que já pagaram tanto pela entrada – os trabalhadores, o povo e o País. Para a CDU, precisou ainda o candidato, tal saída não poderia nunca ser um acto isolado, antes teria que ser acompanhada de outras medidas que a enquadrem, como a renegociação da dívida, a recuperação para o sector público da banca e outros sectores estratégicos e a afirmação da soberania do País face aos ditames da União Europeia.

O primeiro candidato da lista da CDU afastou por completo a ideia de que o PS represente, de facto, alguma mudança, como apregoa nos cartazes que afixou por todo o País. João Ferreira afirmou mesmo que o PS «promete mudança como antes o PSD prometeu mudança, como antes dele o PS prometeu mudança». O que sucedeu na verdade foi a continuação da mesma política e o agravamento das condições de vida do povo e o atraso do País.

O candidato da Coligação lembrou, então, o desafio que lançou aos candidatos dos partidos do Governo e do PS num debate recente para que apontassem uma – apenas uma – questão relevante no Parlamento Europeu em que tivessem discordado e votado de forma diferente. Não foram capazes de referir uma única. Na verdade, realçou, questões como a PAC ou o Orçamento Comunitário, que prejudicam gravemente o País, tiveram os votos dos três partidos que constituem a troika nacional.

A cábula útil

João Ferreira, que fez a sua intervenção totalmente de improviso, confessou em seguida que se faz acompanhar de uma cábula, que considera de grande utilidade. Serve este auxiliar de memória para desmontar a tese que o PS procura difundir de que foi «obrigado» a chamar a troika devido ao chumbo do PEC 4. Ora, a cábula do candidato da Coligação PCP-PEV é, precisamente, uma lista das medidas de que consistia esse PEC 4: cortes nas pensões e nas funções sociais do Estado, privatizações, aumento de impostos – ou seja, precisamente o mesmo que a troika veio, com o Governo e o PS, implementar.

João Ferreira contestou ainda a ideia de que Portugal terá uma «saída limpa» do pacto de agressão. Em primeiro lugar, porque não se pode chamar «limpa» a esta política, marcada pelo desemprego, a emigração, a pobreza e a exploração e, em segundo lugar, porque nem se pode falar de «saída». Na verdade, insistiu o candidato, não só o País fica sujeito até 2037 à «vigilância» da troika, como a UE (com o PS, PSD e CDS) tratou de arranjar instrumentos que garantam a perpetuação da política de exploração e empobrecimento.

Antes de João Ferreira, coube a Manuela Cunha, quarta candidata da lista da CDU, realçar a evolução negativa do distrito e do País desde a adesão à então CEE e, mais tarde, à moeda única. A mandatária regional, Filipa Rodrigues, referiu-se aos encerramentos de serviços de saúde, ao desmantelamento do sector ferroviário e às quebras na produção industrial e agrícola para concluir que é fundamental votar na CDU para inverter a situação do País.

Voltar ao topo