Evocação da «Marcha da Fome» em Sacavém

Inês Zuber no distrito de Lisboa

Inês Zuber, segunda candidata na lista da CDU para as eleições para o Parlamento Europeu (PE), esteve no distrito de Lisboa. À tarde, a candidata, com Bernardino Soares, presidente da Câmara Municipal de Loures, participou na Marcha da Fome, recriando-se as greves de 8 e 9 de Maio de 1944 contra os racionamentos e o envio de géneros alimentícios para a Alemanha de Hitler.

Nos meses que antecederam esta data, foram ocorrendo várias formas de luta, nomeadamente nas fábricas e noutros locais de trabalho, onde se criou um ambiente que viria a culminar nos acontecimentos de Maio de 1944. Foi no dia 8 de Maio, ao fim da manhã, que as greves se iniciaram em importantes empresas de Alhandra (Cimento Tejo), de Santa Iria de Azoia (Covina), de Póvoa de Santa Iria (Soda Póvoa), de Sacavém (Fábrica de Louça), tendo um enorme impacto e projecção em muitas pequenas oficinas desta e de outras localidades. Para o sucesso desta jornada de luta foi decisivo as estruturas de direcção da greve que se criaram e o papel do Secretariado do PCP, com o envolvimento directo de Álvaro Cunhal e de José Gregório.

Grandiosa jornada de luta

«As greves de 8 e 9 de Maio constituíram uma grandiosa, importante e significativa jornada de luta contra o fascismo. Dezenas de milhares de operários e camponeses da Região de Lisboa e do Baixo Ribatejo, responderam ao apelo do PCP para a concretização de dois dias de greve “pelo pão e pelos géneros», lia-se numa exposição patente no monumento que assinala a data, onde se recorda que «há muito que era grande o descontentamento». «Aos salários de miséria tinha-se juntado o açambarcamento de géneros – encaminhados por Salazar para a Alemanha Nazi – e o mercado negro, o que possibilitou o rápido e escandaloso enriquecimento de alguns à custa da fome e dos trabalhadores», denuncia a exposição da Editorial Avante!.

No texto dá-se ainda conta que «as grandiosas jornadas de Julho-Agosto de 1943, reclamando o pão e exigindo o aumento de salários, fortaleceram a unidade da classe operária, permitindo a identificação dos seus interesses com a actividade dos comunistas».

Defender os trabalhadores

70 anos depois, junto ao Monumento ao Trabalhador Cerâmico, Inês Zuber salientou que no dia 25 de Maio «teremos a oportunidade de honrar os nossos avós e pais que nessas greves de 1944 arriscaram lutar por um futuro melhor», dando «mais força à CDU para no PE e aqui em Portugal ter maior capacidade para defender os interesses dos trabalhadores e do País, para defender o direito inalienável à soberania e independência, para abrirmos caminho a uma política, patriótica e de esquerda, pelo direito ao desenvolvimento no nosso país».

A propósito da «saída limpa» anunciada pelo PSD/CDS, a candidata informou que já se confirmou que em Setembro «aterrará uma nova missão de fiscalização e avaliação do FMI, do BCE e da Comissão Europeia», que no dia 25 de Maio «a mesma troika, o mesmo FMI, BCE e a Comissão Europeia com Draghi, Lagard e Durão Barroso, pretendem realizar em Sintra uma conferencia para afirmar e impor a política que nos tem empurrado para a pobreza e nos tem retirado direitos e conquistas. Pretendem vir ensinar-nos a empobrecer ainda mais.»

Por seu lado, Bernardino Soares, referindo-se àquele momento do passado, salientou que «mesmo nas condições mais difíceis é possível lutar e é possível ganhar», como aconteceu nas últimas eleições autárquicas. «Assinalamos este aniversário a olhar para o futuro, dizendo que é pela luta que fazemos avançar o País. Foi isso que fizemos e é isso que fazemos hoje na nossa actividade», afirmou, frisando que «não podemos desistir». «Temos que dizer a todos que a alternativa é a CDU, não é ficar em casa, não é votar em falsas ilusões de mudança, para continuar a mesma política», disse ainda.

Rumo de desastre

Logo pela manhã, a também deputado do PCP no PE, acompanhada por Nuno Libório, vereador na Câmara Municipal, realizou uma acção de contacto com os comerciantes e a população de Alverca, que, todos os dias, sofrem com a política de direita levada a cabo por PS, PSD e CDS.
A todos eles, Inês Zuber lembrou que os deputados comunistas têm um inigualável trabalho em defesa dos interesses do povo e do País, apresentando-se às próximas eleições de 25 de Maio com a consciência de quem lutou contra o rumo de desastre imposto.

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