Cresce onda de apoio e confiança na CDU

Grande comício no Barreiro

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Comício, Barreiro

Intervenção de Jerónimo de Sousa, Secretário-Geral do PCP,

Está a crescer o apoio popular à CDU. Este sábado, no Barreiro, um grande comício com mais de mil pessoas testemunhou, a meio da campanha oficial – e no dia da anunciada «saída limpa» do chamado programa de intervenção da troika -, como, a cada dia que passa, enche mais e mais essa vaga formada pelos que encontram na Coligação a única força que verdadeiramente defende na UE os interesses de Portugal e dos portugueses.

Uma recepção calorosa e um ambiente de enorme simpatia e confiança aguardava Jerónimo de Sousa e João Ferreira nesse histórico pólo industrial e centro ferroviário que é o Barreiro. No Largo S. Francisco Xavier, em Santo André, fechava assim da melhor maneira mais um dia de campanha inteiramente preenchido até aí por acções de contacto e esclarecimento desenvolvidas por ambos em roteiros autónomos.

O Secretário-geral do PCP, face à «imensa multidão» que tinha pela frente, considerou por isso ser este um «comício à altura do Barreiro, das suas tradições democráticas, do seu apoio à CDU».

«A CDU avança, com toda a confiança», foi, de resto, a palavra de ordem mais repetida, a começar logo no período de animação musical preenchido pela voz e guitarra de Filipe Narciso e que antecedeu as intervenções políticas.

E o primeiro a dirigir-se à imensa plateia foi Carlos Humberto, presidente da Câmara Municipal, que lembrou ser o Barreiro, como aliás todo o distrito de Setúbal, «uma região de combate, resistência, luta, proposta e construção».

Susana Silva, do PEV, candidata da CDU, teceu severas críticas ao Governo por apenas «defender os interesses dos grandes grupos económicos», estendendo-as ao PS por «ter sido cúmplice do PSD e do CDS-PP», bem como ao Presidente da República a quem acusou de «comprometimento com esta política».

O cabeça de lista da CDU, João Ferreira, abordando a propaganda da «saída limpa», concluiu que «para o povo e o País» esse slogan não tem sentido, pelo contrário, o que o acordo entre Governo e troika prevê é que «até 2038 o País esteja sujeito a vigilância reforçada» e que prossigam e se aprofundem as medidas de ataque à saúde, ao ensino, à Segurança Social, aos salários e pensões.

Não há saída limpa quando o que fica desta troika é um «rasto de destruição, pobreza e miséria», referiu, sublinhando que os únicos que têm razões para falar de «saída limpa são os banqueiros, os que ganharam milhões com os contratos SWAP ou com as PPP, os milionários que viram aumentar as suas fortunas.

Acusou a troika de agir com a «arrogância dos colonos que chegam às colónias» e dizem aos nativos que «não pensem que isto vai mudar», não poupando o Governo por protagonizar «um acto de vassalagem», numa alusão ao conselho de ministros realizado nesse mesmo dia.
«Promessas vãs, falsas promessas» é o que faz, por outro lado, o PS quando fala de «mudança», denunciou ainda João Ferreira, que lembrou que aquele «sempre esteve comprometido com o programa da troika», tal como nestes 37 anos de política de direita, alternadamente, foi responsável pela política que levou por exemplo à destruição da nossa indústria e das nossas pescas.

Lembrado pelo primeiro candidato da CDU foi ainda o facto de nenhum dos outros candidatos, do PS e do PSD/ CDS-PP, ter respondido ao desafio que lhes laçou de apontarem uma coisa importante para o País ou com impacto na vida dos portugueses - uma única que seja - em que PS e PSD/CDS-PP tenham votado de forma diferente entre si.

«Não responderam nem vão responder porque em todas as decisões políticas lá estiveram as assinaturas de PS, do PSD e do CDS-PP», afirmou João Ferreira, convicto de que a «única saída para o povo passa pela ruptura com esta política», por o País «recuperar o que é seu», por «os trabalhadores e reformados recuperarem salários e pensões».

O tema da «saída limpa» viria a ser retomado por Jerónimo de Sousa, que a apelidaria de «logro», asseverando que não só «não há saída nenhuma» como «o que sobrou é uma pesada factura para os trabalhadores e o povo, que estão a pagar com desemprego e exploração do trabalho, catástrofe social, depressão económica, impostos brutais, empobrecimento e agravamento das condições de vida de milhões de portugueses, serviços públicos degradados, agravamento dos principais problemas nacionais e hipoteca do desenvolvimento e futuro do País».
Depois de demonstrar de forma circunstanciada quanto acertadas foram as análises do PCP sobre as consequências das políticas e decisões de quem nos últimos anos tem governado o País – sem que lhe dessem ouvidos -, o líder comunista referiu que é chegada a hora de mostrar a todos os responsáveis pela situação, ou seja aos que assinaram o pacto de agressão - PS, PSD e CDS-PP e quem foi cúmplice como o PR - o mais vivo repúdio, dando o voto àqueles que falaram verdade, a CDU.

Posto por si a nu o verdadeiro conteúdo e objectivos do PEC IV do PS (pouco se diferenciando do pacto de agressão), Jerónimo de Sousa mostrou depois que todas as medidas das políticas de austeridade e do pacto de agressão foram um «autêntico assalto ao bolso dos trabalhadores e das populações», sem que isso se tenha traduzido na resolução de «nenhum dos nossos verdadeiros problemas» ou aberto caminho à sua solução.
Defendeu por isso que quem executou e quem aceitou esse pacto brutal «não tem razões para pedir o voto aos portugueses», aos trabalhadores (incluindo os trabalhadores da administração pública), aos militares, aos membros das forças e serviços de segurança, aos reformados, aos pequenos e médios empresários, aos agricultores, aos jovens sem trabalho e sem direitos, aos homens e mulheres da Ciência e Tecnologia (em particular os bolseiros de investigação), aos homens e mulheres da Cultura. «Poder, podem! Mas só significa afinal que os três juntos ou separados tentarão prosseguir a sua política de austeridade e sofrimento do povo», acrescentou o líder do PCP.

Esse propósito é de resto bem visível em documentos como o DEO (Documento de Estratégia Orçamental), advertiu Jerónimo de Sousa, frisando que nele se confirma a intenção de continuar com novos cortes, mais impostos, mais medidas penalizadoras dos rendimentos da maioria dos portugueses. Mas essa «política de voragem» está também espelhada, prosseguiu, nas novas propostas do Governo de alteração das leis laborais (liquidação da contratação colectiva), na «nova versão da falsa reforma do Estado que abre as portas ao plafonamento das contribuições para a segurança social, à privatização da saúde e da educação».

A proclamada «mudança» de que falam todos os que são responsáveis pela situação do País e com a qual alimentam a «campanha de mistificação e mentira» que eles próprios lançam, uns e outros, foi também objecto de análise de Jerónimo de Sousa, que concluiu que se os cabeças de lista do PS e do PSD trocassem de papéis na campanha não se dava pela diferença. «A gritaria de pseudo oposição mantinha-se e em relação ao essencial não haveria diferenças», sustentou, defendendo ser essa a razão pela qual o PCP defende que «não haverá saída sem uma ruptura com a política de direita, sem a derrota deste Governo, a sua demissão e a convocação de eleições».

Desenvolvidas pelo dirigente comunista foram ainda as linhas diferenciadoras da política com que a CDU se apresenta a estas eleições, observando que são propostas que correspondem aos interesses mais profundos do nosso povo.

E que comprovam que há alternativa e um outro rumo para defender os interesses do povo e do País. A essa alternativa dedicou ainda Jerónimo de Sousa parte da sua intervenção, assinalando que a mesma passa pela rejeição do «programa ilegítimo de submissão externa que permanece, das imposições supranacionais e das políticas do Tratado Orçamental e do Euro e das suas regras de chumbo sobre a dívida e o défice», bem como pela renegociação da dívida. Isto a par de uma política de «promoção da produção nacional que valorize a agricultura e as pescas, promova um programa de reindustrialização do País», «valorize o mercado interno», garanta uma mais justa distribuição da riqueza, e «resgate a soberania» afirmando o primado dos interesses nacionais nas relações com a União Europeia.

É por isso que «dar mais força à CDU», como afirmou o Secretário-Geral do PCP, é «afirmar que com a força do povo é possível um Portugal com futuro, numa Europa dos trabalhadores e dos povos».

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