O périplo pelo distrito de Évora terminou em Montemor-o-Novo, num jantar que reuniu cerca de uma centena de pessoas. João Ferreira, primeiro candidato nas listas da CDU para o Parlamento Europeu, afirmou que o caminho seguido pelos sucessivos governos «não é inevitável» e que é necessária «uma política alternativa, patriótica e de esquerda».

Nesta acção, o candidato deu a conhecer que a CDU tem propostas para a «defesa dos interesses do País e do povo» e «está em condições de dar esperança e construir um futuro melhor para todos». «Nos últimos cinco anos, no PE, os deputados do PCP apresentaram muitas centenas de propostas e de propostas de alteração a regulamentos, a legislação, a relatórios, que lá [no PE] foram discutidos e aprovados. PS, PSD e CDS votaram contra muitas dessas propostas, algumas delas imprescindíveis para a defesa dos interesses nacionais, nas mais diversas áreas de actividade», informou, particularizando o sector da agricultura, com mais de uma centena e meia de propostas, que «vamos voltar a apresentar».

Algumas delas, por serem necessárias, voltarão a ser apresentadas pelo PCP, nomeadamente a «instituição de um princípio de preferência nacional, que permita aos países, como Portugal, que enfrentam persistentes défices no plano agro-alimentar, criar quotas de comercialização obrigatória de produção nacional», o que «pode dar um grande contributo para a dinamização da nossa produção».

João Ferreira adiantou ainda outras medidas como «a criação de quotas e direitos de produção, instrumentos fundamentais para recuperar-mos o nosso direito a produzir e desenvolver a nossa produção», como «margens máximas de intermediação que garantam preços justos ao produtor» e, entre outras, como «a instauração de um seguro público, agrícola, financiado por fundos da União Europeia que garantam protecção aos agricultores e caso de catástrofes naturais».

Neste sentido, adiantou, «deixamos um desafio aos partidos que se candidatam nestas eleições a dizerem qual a sua posição relativamente a estas propostas».

Saída «suja»

A iniciativa de Montemor-o-Novo ficou ainda marcada pelo anúncio da promulgação, pelo Presidente da República (PR), de um diploma que aumenta os descontos para a ADSE de 2,5 por cento para 3,5 por cento. Em declarações à comunicação social, João Oliveira, líder da bancada parlamentar comunista, que também participou no jantar da campanha da CDU, anunciou que o PCP vai pedir ao Tribunal Constitucional que se pronuncie sobre a legalidade do diploma.

«O PR continua a dar cobertura à política e às medidas do Governo, neste caso um novo roubo aos salários dos funcionários públicos, que contraria o discurso da "saída limpa" e da recuperação da situação», criticou, frisando que esta decisão «confirma a decisão de derrotar este Governo e esta maioria e exigir a convocação de eleições antecipadas».