Mais de 1500 activistas da CDU – entre candidatos, militantes do PCP e do PEV e muitas pessoas sem filiação partidária – participaram no grande comício em Lisboa, no Pavilhão Carlos Lopes, no qual esteve presente Paulo Raimundo, Secretário-Geral do Partido e primeiro candidato pela região.
O comício teve início com um concerto de Vitorino, que animou os corações de todos os presentes, começando por cantar «Fado Alexandrino», com versos de António Lobo-Antunes, e «Circo», a partir do poema de José Saramago.
O cantor aproveitou, ainda, para cantar «Queda do Império», referindo que já foram muitos os impérios que caíram, e serão muitos os que irão cair. Sobre este assunto, Vitorino criticou a política imperialista dos EUA e denunciou os crimes cometidos por Israel na Palestina, afirmando não ter outras palavras para descrever o genocídio que não «nojo».
Vitorino cantou, ainda, «Guerrilha Alentejana» e «Moda Revolta», da sua autoria, e, de Zeca Afonso, «Chamaram-me Cigano», «Traz Outro Amigo Também», «Senhor Arcanjo» e «A Morte Saiu à Rua».
Abrir a gaveta
O candidato e membro do CC do PCP António Filipe comentou o que dizem certas vozes ao serviço do capital, sublinhando que «a CDU não desaparece, porque faz cá muita falta». E fá-lo, referiu, aos trabalhadores que lidam com baixos salários, aos reformados com pensões de miséria, aos jovens que não querem ter de emigrar: «todos e todas que sofrem de injustiças e discriminações precisam de dar mais força a esta força que nunca lhes falta».
António Filipe criticou, ainda, os que pretendem rever a lei fundamental para retirar a expressão «sociedade socialista», afirmando que «não é da Constituição que temos de retirar o “socialismo” – é da gaveta onde o PS o meteu há muitos anos».
Legítimos interesses
João Geraldes, candidato e presidente da ID, denunciou a «promiscuidade entre este poder político e o poder económico», semente de desigualdades e corrupção, e apontou o fim da política de direita como o caminho a ser seguido, afirmando «uma política que corresponda aos legítimos interesses dos portugueses e das portuguesas».
O candidato referiu algumas propostas da CDU em diversas áreas, como a habitação, as reformas e o trabalho. Sobre este, frisou a necessidade de revogar as normas gravosas da legislação laboral, assegurando, por exemplo, o princípio do tratamento mais favorável ao trabalhador, o direito ao repouso e o fim da caducidade da contratação colectiva.
Ecologistas confessam-se
«Nós, ecologistas, nos confessamos»: foi sob este mote que Mariana Silva, candidata e dirigente do PEV, interveio no comício, destacando que os ecologistas, como ela, se «confessam» defensores dos cursos de água e da gestão pública deste bem essencial. Mas, também, defensores da protecção dos solos classificados, do direito à habitação, dos direitos das mulheres, da agricultura familiar, do transporte público, da paz e do bem-estar animal.
«É exactamente por isso que estamos na CDU», sublinhou, dizendo que é com «esta força rubra e verde, e de quantas cores tiver a luta das populações», que a verdadeira voz ecologista irá voltar à Assembleia da República.
Força da alternativa
Na intervenção de encerramento, Paulo Raimundo recordou o objectivo imediato da Coligação PCP-PEV nestas eleições: afirmar a alternativa política (e a política alternativa) que representa, e mobilizar o máximo de pessoas possível. «É este o grande desafio que está aqui colocado», afirmou.
«Não são as nossas medidas e o nosso programa que são incomportáveis», destacou: muito pelo contrário, são as medidas de décadas de políticas de direita que não cabem nos bolsos, nas compras ou nas rendas dos trabalhadores e do povo.
Apontando «coragem e clareza» como as marcas distintivas da CDU, o Secretário-Geral criticou a ideia, transmitida pelo líder do PS, de que este partido seria um «porto seguro»: «os portos são seguros não quando a maré está calma, mas sim quando a onda é grande. Aqui está [a CDU], o porto seguro, com a onda calma ou com a onda grande».
«Precisamos de mais votos, mais força à CDU», sublinhou, assegurando que só assim estarão criadas condições para resistir e avançar em áreas tão diversas como o combate às privatizações e PPP, a defesa do direito à saúde e do SNS, a salvaguarda da Segurança Social, o aumento dos salários e das pensões, a criação de uma rede pública de creches, ou a habitação (para a qual é preciso garantir um por cento do PIB).
Paulo Raimundo recordou, ainda, no fim da sua intervenção, as palavras de Álvaro Siza Vieira sobre a sua opção nestas legislativas: «CDU como sempre, mas agora mais do que nunca».