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Parido Comunista Português

Intervenção de Paulo Raimundo, Secretário-Geral do PCP

É hora de dar força à força da palavra, da dignidade, da confiança, da coerência, da firmeza

Comício em Almada

Uma grande saudação a todos os presentes neste jantar.
Estamos a 12 dias das eleições. Estamos a 12 dias dessa oportunidade que não vamos desperdiçar para eleger mais Deputados comprometidos com o povo, com os trabalhadores, com os jovens, com os reformados, com os imigrantes, com os agricultores, com os micro, pequenos e médios empresários.

O que precisamos é de mais Deputados comprometidos com os valores de Abril e portadores das soluções para combater as injustiças e as desigualdades. Essa injustiça com tantos a receberem tão pouco e tão poucos a ficarem com tanto.

Com as soluções para o necessário investimento nos serviços públicos e salvaguardar os direitos essenciais. Com as soluções para aumentar a capacidade produtiva, pôr o País a produzir mais e torná-lo menos dependente e mais soberano. 

Com as soluções para contribuir para o fim as guerras e dos conflitos.

Com as soluções que estão na Constituição da República. Cumpra-se Abril, cumpra-se a Constituição e a nossa vida melhora e avança.

É para trilhar o caminho de Abril que propomos o aumento generalizado, e agora, dos salários.

Esta é a grande emergência nacional, a grande necessidade e a grande exigência dos trabalhadores. Os trabalhadores sabem que é das suas mãos, é do seu esforço físico e intelectual, que se gera a riqueza que é produzida.

Os trabalhadores sabem que o seu trabalho gera lucros e é por isso que não se resignam ,nem se conformam com as desculpas dos que tudo fazem para travar o justo e necessário aumento de salários.

Veja-se,por exemplo,o caso da Auto-Europa: recordes de produção, recordes de vendas, lucros também eles recordistas, 
o modelo fabricado em Portugal é dos mais vendido na Europa e, perante tudo isto, a empresa propõe 1,9% de aumento nos salários.

1,9% de aumento, para os responsáveis de todos os recordes que foram atingidos? Isto sim é gozar com quem trabalha.

É justa a indignação dos trabalhadores. A riqueza produzida no nosso País chega e sobra para responder a esta justa emergência nacional. 

O aumento dos salários é a medida mais eficaz para combater as injustiças, para combater a pobreza, para dar estabilidade e futuro à juventude, para proteger e garantir os direitos das crianças, 
para garantir melhores pensões amanhã e, não temos dúvidas, também é um dos factores determinantes para a dinamização da actividade económica.

Não há país com futuro com baixos salários e baixas pensões.

É para trilhar o caminho de Abril que propomos o aumento extraordinário e intercalar das pensões, garantindo que todos os reformados, já neste ano, tenham 7,5% de aumento, e um valor não inferior a 70 euros.

Os reformados sabem bem o que custou uma vida inteira de trabalho e as dificuldades que hoje enfrentam. É preciso acabar com esta realidade onde 70% dos reformados recebem até 500€ por mês. 

Sobre as promessas de outros para os reformados, quanto mais falam, mais vem à memória o tempo dos cortes. Quanto mais prometem e juram que não vão cortar mais lhes foge a boca para os tempos da Troika.

É para trilhar o caminho de Abril que propomos um investimento real no Serviço Nacional de Saúde. Um investimento real e não, como tem acontecido, a transferência de dinheiro público, metade do orçamento público, para o negócio dos grupos privados da doença. 

Também aqui, Almada não é excepção em relação ao resto do País. Faltam médicos de família a milhares de pessoas, tarda a construção e a abertura de centros de saúde. O Hospital Garcia da Horta está a rebentar pelas costuras. É preciso salvar o único serviço capaz de acudir, de cuidar e tratar de todos: é preciso salvar o SNS.

Fixar e atrair profissionais, avançar para a dedicação exclusiva dos trabalhadores da saúde, aumentar salários e valorizar carreiras.

É para trilhar o caminho de Abril que são precisas medidas urgentes para garantir o direito à habitação. 
Não podemos continuar com esta situação insuportável, como aquela que assistimos aqui em Almada, com as rendas a subirem 40% em 3 anos, e os preços das casas, só entre 2017 e 2022, aumentaram 63%. 

É insuportável para o trabalhador, para os jovens que se querem emancipar, para os pensionistas. Se há problema que se aprofundou drasticamente nos últimos anos foi o do acesso à habitação. 

O desinvestimento público ao longo de décadas, a transformação do acesso à habitação num negócio de milhões para a banca e a liberalização completa do mercado que o Governo PSD/CDS impôs por via da Lei dos despejos. Uma lei que o PS por opção nunca quis revogar, a que se somam os impactos do Turismo e da procura estrangeira, que criou um problema de grande dimensão.

Alertado para isto, confrontados com isto, o Governo PS agiu sempre com a ideia de que não se podia incomodar a banca, nem os fundos imobiliários. 

O resultados está à vista: gente despejada, gente apertada com o aumento das prestações ao banco, gente que foi chutada para a periferia porque não suporta a renda, gente que precisa, mas que não tem uma casa para viver. 

E, se dúvidas existissem em relação à dimensão que este problema assumiu no nosso País, é ver o justo protesto que mobilizou no último ano dezenas de milhares de pessoas que saíram à rua, exigindo casa para viver.

Esta é uma das grandes questões que está em debate nestas eleições. As casas são para morar não são para especular. 

Para a CDU não há, nem haverá, resposta a este problema, sem a coragem necessária para enfrentar quem está a ganhar, e muito, com o aumento dos preços. 

Propomos de forma clara o travão ao aumento das rendas e a sua regulação; a revogação da Lei dos Despejos,  assegurando a estabilidade dos contratos de arrendamento na base dos 10 anos.

Propomos que os 12 milhões de euros de lucro por dia da banca suportem o aumento das taxas de juro, eliminando comissões bancárias e margens que são um assalto aos rendimentos de cada um.

Propomos cumprir Abril e avançar com um forte investimento na disponibilização de habitação pública, que assegure durante os próximos 4 anos, 50 mil novas habitações, mobilizando, para tal, o valor médio de 1% do PIB. 

Não adianta virem com a conversa que não há dinheiro.

Se houve dinheiro para pôr 16 mil milhões de euros para tapar os buracos da gestão privada da banca, só entre 2008 e 2021; se há dinheiro para gastar mais de mil milhões de euros em PPP por ano;
se há dinheiro para dar em benefícios fiscais aos grupos económicos, que só este ano serão mais de 1,6 mil milhões de euros; se há dinheiro para perder 13,8 mil milhões de euros em lucros e dividendos que estão a sair anualmente para o estrangeiro; se há dinheiro para tudo isto, o problema não é falta de dinheiro. O problema é a falta de vontade para fazer as opções políticas necessárias. 

O problema é que não são os interesses do País, mas os interesses do capital que têm estado no centro da acção governativa.

Não há vontade por parte do PS como últimos anos são prova.
Quanto mais o PS se reforça, como se viu com a maioria absoluta, mais à direita governa.

Não há também vontade por parte do PSD e do CDS, que governaram como governaram quando tiveram essa oportunidade, no período que ainda está bem vivo na memória de todos os que o viveram e sentiram na pele os efeitos do pacto de agressão das Troikas- política com a marca da UE, do BCE e do FMI.

Esse período onde, por mais que agora se pintem, estavam os que hoje são os principias rostos do Chega e da IL. Aliás, para quem eventualmente tinha esquecido esta realidade ou não sabia, 
as últimas horas foram muito reveladoras. Foram as juras de amizade e foram as confissões de fidelidade de voto, houve de tudo, só faltou dizerem o que fizeram.

Mas nós dizemos: estavam lá todos a aplaudir as medidas sombrias da Troika, que agora pretendem aprofundar ainda mais. Já sabemos que não querem falar do passado, pois claro, percebemos bem porquê.
A alternativa à política da direita não é o PS. Para garantir uma alternativa política a solução é dar força à CDU. 

A força de palavra que diz o que faz e faz o que diz, a força da coerência que não muda de opinião conforme o vento.

A força e o voto que valem por três.

O voto de protesto e das soluções que se impõem: salários, contra a precariedade, por uma mais justa redistribuição da riqueza, contra as injustiças e desigualdades.

O voto que dá a maior garantia de combate à direita, e os que justamente estão preocupados com a direita sabem que não há ninguém com mais experiência acumulada no combate à direita que nós.

O voto que obriga outros, nomeadamente o PS, a vir às soluções que por sua vontade nunca viria.
É desta força e destes Deputados que os trabalhadores precisam
porque para defender os interesses dos grupos económicos e dos banqueiros, desses já lá há muitos.

Então se assim é, e é, é hora de confiar o voto a quem está lá, em todos os momentos, ao lado dos trabalhadores, dos reformados, dos jovens, dos imigrantes. Na luta do dia-a-dia por melhores condições de trabalho e de vida.

Aqui no PCP e na CDU dizemos ao que vamos. 

Não falamos de impostos para caçar o voto dos pobres e aumentar os lucros dos ricos. Não agitamos os problemas do SNS para justificar que se entregue ainda mais dinheiro público para o negócio da doença. Não atiramos os aumentos salariais para um futuro que nunca virá quando o que se exige é que aqui e agora se responda ao aumento do custo de vida. 

Não nos escondemos atrás das contas certas, para aprofundar ainda mais as injustiças na distribuição da riqueza. Não instrumentalizamos preocupações ambientais, para pintar de verde os impostos ou os lucros das multinacionais. 

Não cavalgamos a corrupção, para a seguir legalizar o tráfico de influências, promover as privatizações e atacar o regime democrático. 

Não falamos da paz, para nada fazer para parar a guerra. 

Não nos apresentamos à esquerda, para depois fazer a política de direita. 

É hora de dar força à força da palavra, da dignidade, da confiança, da coerência, da firmeza.

Vamos ao contacto, vamos à conversa, vamos ao esclarecimento. Que cada um faça uma lista das 20 ou das 30 pessoas com quem ainda vai conversar até dia 10 de Março. Vamos em cada esquina, em cada casa, em cada local de trabalho, voto a voto. E que ninguém se esqueça do exemplo dos Açores, vamos construir o resultado da CDU, vamos eleger mais deputados do PCP e do PEV.

É de presente e de futuro que é feito o nosso projecto. E é o presente e o futuro que se jogam também no próximo dia 10 de Março.

Por Abril no presente e no futuro de Portugal, a opção é uma e só uma: o voto na CDU. Que ninguém falte à chamada.

Viva a CDU! 

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