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Parido Comunista Português

Intervenção de Paulo Raimundo, Secretário-Geral do PCP

A única forma de a vida de cada um andar para a frente é dar força à CDU

Comício em Vila Nova de Famalicão

Estamos praticamente a um mês das eleições legislativas, essas eleições que podem determinar o quadro político dos próximos tempos.

Aqui está uma oportunidade para abrir um outro caminho, uma oportunidade que não pode ser desperdiçada.

Está mais do que visto que a nossa vida não avança dando mais força e mais votos ao PS. O PS que hoje promete tudo é o mesmo PS que se uniu nas opções de fundo aos quatro da vida airada, PSD, CDS, Chega e IL, e nos trouxeram à situação que hoje enfrentamos.

Sabemos bem que o PS não é igual ao PSD, que o PSD não é o mesmo que o CDS e que este é diferente do Chega e da IL. Nunca tivemos dúvidas disto. São diferentes nos conteúdos, nos ritmos, na forma. 

Mas, sempre que a eterna questão se coloca, sempre que há que escolher entre o trabalho e o capital; sempre que há que optar entre os interesses do povo ou os interesses dos grupos económicos; sempre que há que optar entre os interesses nacionais ou a submissão do País às ordens do estrangeiro, sempre, mas sempre, todos eles, sendo diferentes escolhem igual e é por isso que a nossa vida continua a andar para trás.

E é por isso que dizemos, a única forma de a vida de cada um andar para a frente é dar força à CDU.

Do PS sabemos o que esperar e para quem ainda as tinha, os últimos dois anos de maioria absoluta acabaram com as dúvidas. Assim como sabemos que o que gostariam PSD, CDS  Chega e IL era de voltar a 2011, voltar aos tempos do retrocesso, voltar ao tempo em que ganhavam todas as medalhas nas olimpíadas do corte. Nos cortes de pensões, nos subsídios de natal e de férias, nos salários, no “brutal do aumento de impostos”.

Sim, podem vir agora com mil e uma cantigas, mas grande parte dos que agora vestem a camisola do Chega e da IL são os mesmos que na altura no CDS e no PSD aplaudiam de pé a desgraça do nosso povo. 

Nós temos muito orgulho de, com a força e a luta do povo e dos trabalhadores, os termos retirado do poder e lhes termos indicado a porta da rua, e é isso que eles não perdoam é por isso não nos perdoam!

O País não precisa de mais cantos de sereia nem de ilusões. Na CDU não há cheques em branco nem há o colocar nas mãos de outros as opções, os conteúdos, os caminhos. Quem se quiser pôr ao dispor do PS que se ponha é com eles. Sabemos bem que a única forma de andar para a frente é alterar a correlação de forças, dar mais força e mais deputados à CDU para que essa força condicione o futuro próximo e obrigue outros a vir a propostas e soluções justas e necessárias. A política de esquerda só é possível com opções de esquerda.

A política de esquerda exige rupturas com o caminho que nos trouxe até aqui ao serviço dos grupos económicos, a política de esquerda não suporta a injustiça e a desigualdade, a política de esquerda submete o poder económico ao poder político, a política de esquerda não se concretiza por proclamações bem feitas, nem com o bater no peito, nem muito menos com discursos inflamados e cheios de intenções, que mais não são do que camuflagem para levarem por diante a política de direita.

Veja-se ainda o que se está a passar no mundo rural. 

Quarenta anos de Política Agrícola Comum, em que todos eles, PS, PSD, CDS, e agora, Chega e IL, se colocaram ao serviço do agronegócio e das imposições da União Europeia. Todos cúmplices da destruição de mais de 400 mil explorações; todos unidos no desprezo pela pequena e média agricultura; todos responsáveis pela perda de rendimentos dos agricultores; todos defensores da ditadura da grande distribuição que esmaga o preço pago aos produtores e aumenta a dependência alimentar do País.

Os agricultores, e em particular a agricultura familiar, têm razões e razões fundas para protestar e exigir uma outra política, que garanta o escoamento dos produtos com preços justos pagos à produção. É isto que os agricultores e o País precisam e não de medidas pontuais, medidas pontuais não resolvem problemas estruturais.

Aqui, no PCP e na CDU, estão os que conhecem a realidade do distrito, os que combatem os problemas e que apresentam soluções. Fez mais o PCP e a CDU pelo distrito do que todos os deputados do PS e do PSD e outros por aqui eleitos, e isto é muito revelador do trabalho de cada um. É hora de valorizar os que, tal como a CDU, de facto defendem e se empenham pelo distrito e o seu povo, e penalizar os que, depois dos votos contados, depois de eleitos, rapidamente se esquecem do caminho para cá. Esquecem o caminho para cá, mas quando cá voltam é para prometer aqui uma coisa e para em Lisboa votarem o inverso.

Cada chumbo de cada proposta nossa na Assembleia da República representa um retrocesso na vida deste povo do distrito e é bem demonstrativo de como se portam os deputados que por aqui foram eleitos e o desperdício que foi lhes terem sido dados votos. Este é o momento de avaliar o trabalho mas também de pedir explicações. E é o momento de apresentar propostas, soluções, compromissos e programas.

Estamos a propor ao povo um programa sério, necessário e realizável.

Não vamos na chuva de promessas que por estes dias entope os noticiários e dá bonitas capas de jornal, o que propomos é mais do que possível, é justo! No PCP e na CDU fazemos escolhas: escolhemos por quem trabalha e pelo o trabalho.Uma opção clara e que tanta confusão faz a algumas almas. 

É que o nosso programa, as nossas propostas enfrentam os interesses, cavam fundo na injustiça, identificam os responsáveis; o nosso programa não encaixa na cartilha de todos os outros, desses que se acotovelam para ver quem é mais liberal. O nosso programa enfrenta a besta onde mais lhe dói. E como tal não nos perdoam.

Como sempre e mais uma vez somos alvo de silenciamento. Mas há qualquer coisa nova neste momento, eles estão com os calos mais apertados desta vez. Estamos a ir ao osso do problema e isso explica a tinta que vai correndo na tentativa de descredibilizar as nossas propostas. Estão mais apertados porque a conversa de que não há dinheiro, a conversa de que isto está mau e não é possível, a conversa do “aguenta, aguenta”, essa conversa já não pega como pegava.

Paira pelo País um profundo sentimento de injustiça. Um sentimento justo face à crescente injustiça e desigualdade.

Há cada vez mais gente a perceber que há aqui qualquer coisa que não bate certo, há cada vez mais gente a questionar porque razão há uma imensa maioria cada vez mais apertada e uns poucos a lucrar como se não houvesse amanhã. É que os trabalhadores e o povo, esses que com o seu trabalho põem a economia a funcionar, esses que com o seu trabalho criam a riqueza, sabem que há mesmo muito dinheiro e que ele está é muito mal distribuído. Sabem que há condições para aumentar salários e pensões, para investir nos serviços públicos e na habitação. Sabem que é justo e mesmo possível aumentar os salários em 15% e no mínimo de 150 euros para todos os trabalhadores. 

Sim, é verdade, para avançar nesta medida os grupos económicos, os tais que encaixam 25 milhões de lucros por dia, teriam de encaixar um pouco menos. E qual é o problema com isso?

Sim, é verdade, para avançar nos salários, para melhorar as condições de vida de quem trabalha ou trabalhou uma vida inteira, para responder ao drama da habitação, a banca não poderia continuar a ter 12 milhões de euros por dia, teria de encaixar um pouco menos. E qual é o problema com isso? 

Já não cola o choradinho, já não colam as conversas redondas. Já não cola a conversa do aumento de rendimentos como faz o PS. Rendimentos não são salário, rendimentos são prémios, é o chamado estímulo à produtividade, é ficar na incerteza se há ou não a tal bonificação quando cada um sabe que as contas são pagas todos os meses e não esperam pelos prémios que um dia irão chegar. Já não colam as promessas de um 15.º mês limpo de impostos e contribuições para a Segurança Social, como o PSD e a equipa da direita prometem.

É que há e justamente quem questione: então se há dinheiro para prémios, se há dinheiro para o tal 15.º mês, porque razão esse dinheiro que existe não vem como certo, não vem no salário?

Já não cola a aparente preocupação dos que afirmam querer aumentar salários mas com calma, lá para o fim da década, o dinheiro que é devido aos trabalhadores faz falta é agora, é agora que é preciso responder com aumentos de todos os salários, é agora que é preciso pôr fim à realidade de 3 milhões de trabalhadores a ganharem até mil euros de salário bruto por mês.

Há dias houve até quem tenha dito na televisão com um ar de pânico que aumentar os salários de todos os trabalhadores em 15% custaria uns 15 mil milhões de euros. Não sendo completamente rigoroso esse número, vamos aceitar que andará perto. 

É um número muito grande, impressiona. 

Mas esses 15 mil milhões que propomos que sejam transferidos do capital para o trabalho significam um terço dos lucros de todas as empresas do País, já depois de impostos, no ano 2022, que foram 45 mil milhões de euros!

É verdade, para implementar esta medida os lucros baixariam para os 30 mil milhões, e então qual é o problema? Não haveria nem há nenhum problema, o problema está, esse sim, nos três anos de perda acumulada de 15% nos salários pela via da inflação.

“Ai, mas o Estado não tem dinheiro, como é que se iria pagar isso?” Não houve excedente orçamental? São opções que é preciso fazer. 

Não vamos desistir desta emergência nacional, sabemos que ela afronta o Capital mas também sabemos que temos os trabalhadores connosco pelo aumento dos salários, pelo o trabalho, pelo respeito, por uma mais justa distribuição da riqueza.

Temos os trabalhadores connosco e os trabalhadores é com a CDU que contam para revogar a caducidade da contracção colectiva, para repor o princípio do tratamento mais favorável ao trabalhador, no fundo para alterar a correlação de forças nas empresas e locais de trabalho e dessa forma conquistar mais salários.

E é também com a CDU e só com a CDU que os trabalhadores contam para a redução do horário de trabalho para as 35 horas para todos, para o reforço dos direitos de quem trabalha por turnos, trabalho nocturno e fins de semana.

Este é um momento de escolhas, se é para optar pelos interesses dos grupos económicos a escolha no boletim de voto é variada e com diferentes cores, mas se é para optar por Abril, se é para optar pelos que produzem a riqueza, pelos que aguentam isto tudo, pelos que merecem e têm direito a uma vida melhor, pelos que trabalharam toda uma vida, pelos jovens, pelos imigrantes, pelos artistas, pelos intelectuais, pelos micro, pequenos e médios empresários e pequenos produtores agrícolas, então a opção é uma e só uma: o voto na CDU.

Os grupos económicos, esses para quem nunca há crise, não há austeridade, não há pandemia, não há guerra, não há inflação que trave os seus lucros e ponha em causa a concentração de riqueza, esses já tem demasiados partidos em sua defesa. Nisso não vale a pena votar.

O voto que vale a pena, o voto útil, o voto que faz falta é o voto na CDU o voto que enfrenta os interesses dos que acham que são donos disto tudo.

Cada voto na CDU é um voto nos salários, nas pensões, na saúde, na habitação, é um voto pelos direitos dos pais e das crianças, é um voto contra as portagens, é um voto pela justiça e contra a desigualdade, é um voto contra a corrupção e a sua principal fonte, a promiscuidade do poder económico com o poder político.

Sim, é aqui que está o problema de fundo, é aqui que estão as negociatas e o compadrio, é isto que é preciso atacar e de uma vez por todas.  Mas, sobre estes, nem um pio. Caladinhos, caladinhos para não beliscar o chefe. 

E há muita gente justamente indignada, que se sente injustiçada e que como nós acha que é preciso dar um safanão nisto tudo, dar um sinal aos poderosos, apertá-los, como se diz por aí. Pois bem, esse safanão, esse aperto é dado e só dado com o voto na CDU, os únicos que não dependem nem devem favores aos grupos económicos.

O voto na CDU que é o voto de protesto mas também das soluções, e são as nossas soluções, é a força que os trabalhadores e o povo dão às nossas propostas, é disto que os que se acham donos disto tudo têm medo. Não é da berraria, não é da demagogia, não é do populismo. Disso eles nada receiam, não só não receiam como os financiam, lhes dão espaço e lhes abrem as portas.

A CDU está a alargar e a crescer, e as pessoas sabem, até eleitores de outros partidos, por experiência própria, que quando crescemos e avançamos a vida de cada um melhora. E sabem que a CDU, os seus votos e os seus deputados nunca faltaram, nem faltarão, para propor, tomar a iniciativa ou convergir para tudo o que seja positivo. Não há medida, não há conquista do povo e dos trabalhadores que não tenha tido a participação, o contributo, a luta e a proposta do PCP e da CDU.

Sabem que podem confiar, sabem a falta que faz a CDU ter mais força, sabem que não há ninguém, não há força política no nosso País com mais experiência de combate à direita, tenha ela a forma que tiver. 

No dia 10 de Março o boletim de voto que cada um vai receber aqui no distrito terá variados quadrados, mas há um particularmente inspirador. O quadrado com a foice e martelo e o girassol ao lado.

É esse o quadrado do trabalhador, do utente, dos que estão aflitos com as prestações e rendas das casas, dos micro, pequenos e médios empresários e produtores, do reformado, do jovem, do imigrante, é nesse quadrado que devem depositar o seu voto e a sua força, porque é mais que certo que os votos dos donos da Galp, do Pingo Doce, dos CTT, da ED ou, da Altice vão parar a outros quadrados que não o nosso.

É no quadrado da CDU que está o trabalho, o povo, o ambiente, a vida melhor a que temos direito, é nesse quadrado que está a esperança e é nesse quadrado onde vão cair os votos necessários para eleger a Sandra, a deputada da CDU pelo círculo eleitoral de Braga.

Vamos ao contacto, ao esclarecimento, vamos à mobilização com confiança, vamos em frente.

É hora de votar CDU, é hora de levar por diante a vida melhor a que temos direito. Não desistimos do País, não desistimos do distrito, há recursos e meios, há forças e vontades, e há gente séria e honesta com vontade e força de travar os que se acham donos disto tudo e pôr o País no trilho que marca a nossa história, no trilho dos valores de Abril.

Neste trilho onde o povo é quem mais ordena.

Viva a CDU!

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