Sobre os resultados eleitorais

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1. A CDU, o PCP e o PEV, tiveram uma intervenção constante que, não desperdiçando nenhuma possibilidade de defesa, reposição e conquista de direitos, impediu retrocessos e concretizou avanços que se reflectiram positivamente na vida de milhões de pessoas. A evolução da situação do País impunha que se procurassem soluções para os problemas nacionais, para a vida dos trabalhadores e do povo português, mas em vez disso, o PS ambicionando uma maioria absoluta, em convergência com o Presidente da República, precipitou a realização de eleições.

Três meses depois, mais necessária se evidencia a resposta que foi recusada pelo Governo PS em Outubro passado. Os problemas que pesam na vida de cada dia dos que vivem e trabalham no País, os problemas que marcam e constrangem o desenvolvimento nacional permanecem e avolumam-se, reclamando as medidas e respostas que a sua dimensão e expressão económica e social exigem.

O quadro político e a relação de forças são marcados por um resultado eleitoral, que a partir de uma extrema promoção da bipolarização, beneficiou o PS, apesar da sua postura de fuga às respostas necessárias ao País.

A questão que está colocada, sem subterfúgios e adiamentos, é a de se saber quais as opções que se colocam ao País: se se abrem perspectivas de uma política capaz de enfrentar os problemas e de lhes dar solução no interesse dos trabalhadores e do povo; ou se, pelo contrário, prevalecem as intenções de manter adiada essa resposta em benefício dos interesses do grande capital agravando desigualdades e injustiças. O PS tem na mão a opção de, ou fazer entendimentos com o PSD, ou convergir à esquerda, com a CDU para a resposta aos problemas do País.

E não há chantagem sobre a CDU que a afaste da opção pelas soluções que o País precisa.

Da parte da CDU reafirmamos o compromisso de sempre com os trabalhadores e o povo português e a determinação de promover a convergência para a solução dos problemas nacionais, que, sem adiamentos, inscrevam como objectivos: Promover o desenvolvimento económico sustentado; O aumento geral dos salários como emergência nacional, incluindo o aumento significativo do salário médio e do Salário Mínimo; Assegurar a revogação das normas gravosas da legislação laboral; Garantir os direitos das crianças e dos pais, a gratuitidade das creches e uma rede pública; Valorizar as reformas, as pensões e as prestações sociais; Defender e reforçar o Serviço Nacional de Saúde, fixando e atraindo profissionais, valorizando carreiras e remunerações, garantindo mais consultas, exames, cirurgias; Defender e valorizar a Segurança Social, a Educação, a Ciência, a Cultura, o Desporto; Reforçar os serviços públicos; Garantir o direito à habitação digna e reforço do transporte público; Assegurar uma política de justiça fiscal; Garantir o direito a um ambiente saudável e ao equilíbrio ecológico, com o combate à mercantilização da natureza e a prevenção e mitigação dos efeitos das alterações climáticas.

Cada voto e cada deputado eleito pela CDU contará para esse caminho, que exige a participação e ampla mobilização dos trabalhadores e do povo.

2. O resultado obtido pela CDU nas eleições legislativas de 30 de Janeiro de 2022, traduz uma quebra eleitoral com significativas perdas de deputados, incluindo a representação institucional do PEV. Um resultado que, ficando aquém do trabalho realizado e do notável contributo para os avanços e conquistas conseguidas, do valor da proposta de soluções para os problemas nacionais, e da campanha de esclarecimento e mobilização para o voto a que milhares de activistas deram corpo, representa um elemento negativo na vida nacional. Neste quadro mais difícil, a CDU reafirma a sua determinação de prosseguir e intensificar a intervenção em defesa dos interesses e aspirações dos trabalhadores e do povo, das soluções para os problemas nacionais, da luta por uma alternativa política com os valores de Abril no futuro de Portugal.

3. Independentemente de aprofundamentos a fazer, os resultados das eleições legislativas, são inseparáveis de um conjunto de factores objectivos e subjectivos que os moldaram:

A operação levada a cabo a partir da dissolução da Assembleia da República para favorecer a construção de um bloco central estimulando uma dinâmica de bipolarização;

A descarada acção do PS de se apropriar dos avanços alcançados na defesa, reposição e conquista de direitos que resultaram sempre da acção determinada da CDU;

A insistente mentira de responsabilização do PCP e do PEV pela realização de eleições a propósito da rejeição da Proposta do Orçamento do Estado para 2022;

A realização das eleições em situação de epidemia e de agigantamento do medo, que prejudicou um trabalho de proximidade e contacto tão característico da CDU;

A promoção e favorecimento de outras forças políticas, nomeadamente de forças reaccionárias, convergindo com a desvalorização e discriminação da CDU.

4. Para lá do que destes resultados emerge e o que eles representam, saudamos a notável intervenção dos activistas da CDU, do PCP, do PEV, da ID e muitas pessoas sem filiação partidária, que com uma extraordinária dedicação, assumiram o trabalho de mobilização e esclarecimento para o voto, realizando, em circunstâncias particularmente difíceis, uma campanha de massas, que levou a todos os cantos do País as razões de voto na CDU.

Saudamos todos os homens e mulheres e particularmente os muitos jovens, a juventude CDU, que com a sua participação militante emprestaram a esta campanha uma grande energia, alegria e combatividade.

Saudamos ainda todos e cada um dos eleitores que depositaram na CDU a sua confiança e, particularmente aos muitos que o fizeram pela primeira vez, assegurando-lhes desde já que esse voto e esse apoio não se esgota no dia da eleição, antes será utilizado na sua plenitude ao serviço da defesa dos direitos e aspirações dos trabalhadores e do povo.

Reafirmamos a importância para o presente e para o futuro da CDU, a Coligação Democrática Unitária, do Partido Comunista Português com o Partido Ecologista Os Verdes, integrando a Intervenção Democrática e milhares de pessoas sem filiação partidária, da sua intervenção no plano institucional e como força e exemplo de convergência.

Na situação actual, a CDU reafirma hoje e para o futuro o seu compromisso de prosseguir e intensificar a intervenção e a luta, para defender e avançar nos direitos e nas condições de vida, por um País desenvolvido e soberano, por um Portugal com futuro.