Romper com o ciclo da alternância

Almoço na Amadora com João Ferreira

Recuperar para o País o que é do País, devolver aos trabalhadores e ao povo os direitos e rendimentos que lhes foram roubados e resgatar o País da dependência: é esta, em traços muito gerais, a proposta de política alternativa que a CDU propõe e corporiza e que o primeiro candidato às eleições do próximo dia 25 uma vez mais reafirmou num almoço com activistas da Coligação, realizado na Amadora. Para João Ferreira, é desta mudança que o País e o povo necessitam e não aquela que PS e PSD, à vez, prometem, que em nada se distingue da prática política daquele a quem cabe, num determinado momento, cumprir o seu turno no governo do País.

Comentando as propostas apresentadas na véspera pelo PS, o candidato da CDU afirmou que elas falam por si, tanto as que lá estão como as que não estão. Se, quanto às que estão, é particularmente reveladora a determinação do PS de, à semelhança do PSD e do CDS, amarrarem o País ao Tratado Orçamental – cozinhado por Merkel que dele disse servir para garantir que, mudando os governos, se mantêm as políticas – as omissões são igualmente denunciadoras da natureza da «mudança» que defende: nem uma palavra sobre a devolução dos direitos e dos salários ou sobre o desagravamento fiscal aos trabalhadores, aos reformados ou às pequenas e médias empresas. Baixar impostos, para o PS, só para os grandes grupos económicos – como recentemente foi aprovado na Assembleia da República com os votos deste partido e dos partidos da coligação de Governo.

Esta convergência voltou a ser denunciada pelo candidato da CDU, que insistiu no desafio aos candidatos do PS e do PSD-CDS para que indiquem uma – apenas uma – questão relevante relativamente à qual, nos últimos cinco anos, votaram de forma diferente no Parlamento Europeu. «Não responderam, porque não há nenhuma», acrescentou João Ferreira. As «divergências insanáveis» de que uns e outros falam não passam, pois, de retórica eleitoral.

A verdade, de facto, é que PS, PSD e CDS estiveram juntos em mais uma reforma da PAC, como estiveram ao longo de quase trinta anos de integração, que tiveram como consequências a redução de meio milhão de superfície agrícola ou o encerramento de 300 mil explorações agrícolas.

Nas pescas, prosseguiu João Ferreira, o cenário é semelhante: desde que aderiu à então CEE, Portugal viu desaparecer metade da sua frota, ao mesmo tempo que escancarou as suas águas a frotas estrangeiras. As políticas comunitárias, definidas com a aprovação do PS, PSD e CDS, e a governação do País protagonizada por estes três partidos levaram a que Portugal, que é o estado-membro da EU com a maior Zona Económica Exclusiva, importe hoje mais de dois terços do peixe que consome.

Aproveitando o facto de estar a intervir na Amadora, João Ferreira guardou algumas palavras para lembrar e condenar o processo de desindustrialização levado a cabo em Portugal desde a entrada para a CEE/UE que tem, ali, o exemplo particularmente gritante da Sorefame. Muito embora seja por demais evidente que o sector ferroviário era fundamental para qualquer processo de desenvolvimento soberano do País, PSD e PS promoveram e facilitaram respectivamente a sua privatização e encerramento. Assim, a renovação e requalificação da frota ferroviária nacional, que não há muitos anos poderia ser feita em Portugal, terá agora que ser efectuada no estrangeiro, agravando-se ainda mais o défice do País.

O candidato da CDU não esqueceu ainda a carga policial ordenada por um governo do PS sobre os trabalhadores da Sorefame que, junto às instalações da empresa, procuravam salvaguardar os seus direitos impedindo a retirada de maquinaria.

João Ferreira voltou a criticar a propaganda em torno da «saída limpa» do pacto de agressão, salientando que não há propaganda capaz de esconder o aumento brutal do desemprego, da pobreza e da emigração e o regresso da fome a muitas escolas e casas do País durante a vigência do pacto de agressão. Mas, alertou, antes disso já cá moravam as desigualdades, a pobreza, o desemprego, a destruição do aparelho produtivo nacional. Estes fenómenos – brutalmente agravados nos últimos anos – resultam de «quase 38 anos de política de direita», protagonizada juntos ou à vez por PS, PSD e CDS. É precisamente este ciclo de alternância sem alternativa que urge definitivamente romper. O reforço da CDU, no próximo domingo, será um importante contributo para este objectivo.

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