Ir para o topo
Parido Comunista Português

Intervenção de Alexandre Hoffmann Castela, 1.º candidato ao círculo de Viseu

Uma melhor vida é inseparável de mais força à CDU, de mais deputados da CDU pelo país fora e em Viseu também

Muito boa noite, sejam todos, caros camaradas, caros companheiros e caros amigos, muito bem-vindos.

Gostaria de começar por agradecer o manifesto apoio e ânimo que entregam a esta nossa candidatura com a vossa participação nesta iniciativa, força essa que é condição indispensável à concretização deste nosso projecto por um distrito e um país melhores, e, sobretudo, por uma vida mais digna. 

Entregar uma calorosa saudação ao Secretário-Geral do Partido Comunista Português, o camarada Paulo Raimundo, presença que em muito nos reforça o entusiasmo, a convicção e a alegria para a luta que temos por diante. Saudar também em nome do Miguel Martins da Comissão Executiva Nacional do Partido Ecologista «Os Verdes», todos os nossos companheiros e candidatos ecologistas, pelo valoroso contributo e empenhamento nesta Coligação Democrática Unitária, coligação de todos, e que confere essa transversalidade de uma frente ampla e alargada na luta pelo povo e pelo desenvolvimento, pela democracia e pela liberdade. 

Caros Camaradas, companheiros e amigos, 

Permitam-me começar pelo fim, e dizer-vos que sabemos ter por diante uma tarefa exigente, que sabemos ser um desafio difícil, aquele a que nos propomos, mas é com a confiança e a determinação das causas justas e invencíveis, com a honra de partilhar lugar nas fileiras desta lista de homens e mulheres que não se deixam quebrar, homens e mulheres de coragem, de verticalidade ideológica, camaradas e companheiros de luta que dia após dia aí estão, junto dos nossos, junto dos trabalhadores, nos comércios e nas empresas, nas fábricas, nos campos e nas construções, nos hospitais e nas escolas, na rua junto dos nossos, juntos da juventude que aspira a mundo melhor e junto dos reformados que afirmam o direito à dignidade em todas as dimensões da vida, que vos digo que desta força e deste exemplo, e num último ímpeto de organização, mobilização e intervenção, será hora, de a 10 de março, conseguirmos a eleição do primeiro deputado comunista à Assembleia da República pelo círculo eleitoral de Viseu. 

É esta uma realidade que queremos construir, pela mão do sonho, que esse não se privatiza ou se pode roubar, mas também ainda pela dimensão do projecto eleitoral que lhe dá corpo e conteúdo e que ainda recentemente apresentámos ao país e ao povo, e pelo alicerce concreto das nossas propostas para o território e para o distrito.

São estas proposições e estes compromissos eleitorais que configuram o conjunto de respostas necessárias ao progresso e ao desenvolvimento do país e do distrito, caminhando lado a lado, as respostas que propomos para o distrito e as propostas da CDU de âmbito nacional, que naturalmente terão reflexo em todo o território.

Falamos do aumento significativo do salário mínimo nacional e da valorização geral dos salários e das reformas, do combate à precariedade laboral e da desregulação e liberalização de horários e vínculos, pelo fim da caducidade da contratação colectiva, e da justa redistribuição da riqueza que todos nós produzimos. E perguntamos nós, afinal quantos milhões de portugueses terão de viver no limiar da pobreza para suportarmos milhares de milhões de lucro do grande capital?

Falamos de um necessário e urgente investimento na saúde e na educação pública, da valorização salarial dos seus profissionais e falamos de um investimento prioritário nas questões da habitação pública. E perguntamos nós, afinal quantos portugueses terão de adoecer ou morrer, quantos terão de viver nas ruas, para suportarmos o negócio da saúde e o lucro da especulação imobiliária?

Falamos da cultura e da ciência como um direito, da exigência da valorização laboral e contratual dos trabalhadores, da sua centralidade no desenvolvimento e progresso do país, e da sua importância na formação de todos e cada um. E perguntamos nós, afinal quanto mais poderemos caminhar neste trilho de estupidificação colectiva até vermos a própria democracia em perigo?

Falamos do caminho da paz e da cooperação entre os povos, do fim dos blocos político-militares e da luta contra o belicismo e a indústria do armamento e da guerra, da seletiva e conveniente simplificação e divisão entre gente do bem e gente do mal, entre guerras boas e guerras más, entre vida que tudo vale e vidas que nada parecem valer. E perguntamos nós, afinal quantos milhões terão de tombar e morrer até a paz significar mais que o dinheiro?

Camaradas e amigos, 

E para isto tudo partimos deste mesmo sítio, deste mesmo distrito, dando o nosso importante contributo na construção da esperança e da dignidade. Pela exigência da ferrovia no território, ligando Lamego à linha do Douro, Viseu à Linha da Beira, e estudando a ligação entre as duas cidades, exigindo a requalificação e modernização da rede rodoviária de todo o território, lutando contra as injustas taxas de portagem da A24 e da A25, ou pela requalificação e duplicação em perfil de autoestrada do IP3, que tantos de nós já levou. 

Lutamos pela soberania alimentar e produtiva do distrito, com políticas fiscais justas e equilibradas para a cinta industrial beirã, ou valorização da agricultura familiar duriense. Pela construção de um grande entreposto de recolha, transformação e distribuição de produtos endógenos, valorizando a o tecido agrícola regional e a sua produção, e da construção de barragens de regadio em Moimenta da Beira e Armamar, e seguiremos atentos e determinados para concluir a entrega da gestão democrática da Casa do Douro aos mais de 16 mil viticultores da região, dando sequência à proposta do PCP em Assembleia da República que garantiu a sua recuperação, numa grande e importante vitória para esta zona demarcada de produção vitivinícola.

Lutamos pela criação da universidade pública em Viseu e da valorização do seu polo em Lamego, exigimos o alargamento ao território da rede pública de creches e a criação de uma rede pública de lares, lutamos pela reconversão do antigo hospital psiquiátrico de Abraveses numa unidade pública de cuidados continuados e paliativos, não esquecendo a instalação do Centro Oncológico no Hospital de Viseu, ou a requalificação da sua zona de urgências. Continuaremos a lutar pelo fim do esvaziamento clínico e de valências dos hospitais em Lamego e Tondela e contra essa política de centralização total e absoluta dos cuidados clínicos.

Camaradas e amigos, 

Lutamos pelo fim do subfinanciamento da cultura, da ciência, do associativismo e do desporto, motor fundamental para o reforço da democracia e da liberdade, da participação e organização, seja nas associações populares, ou no cinema e no teatro, na música e na literatura, na fotografia e na pintura, na luta pela preservação do património material e imaterial deste tão rico distrito, que carece de um urgente levantamento e processo de inventariação do seu edificado histórico, e da consequente dotação para a sua preservação. Estamos, como seria de esperar, na defesa intransigente do seu património natural, na defesa da sua biodiversidade e consequente conservação dos ecossistemas e património genético das suas populações, do crescimento sustentável, preservando as zonas florestais e habitats naturais, reconhecendo a salvaguarda da fauna e da flora autóctone como fundamental no equilíbrio das relações ambientais e sociais que decidimos estabelecer entre o homem e a natureza.

Somos nós que lutamos pelo direito não negociável do acesso à água como um património e recurso público das suas populações, lutamos pelo acesso à energia a preços acessíveis, num país, e, em particular num distrito, onde existem milhares de famílias que não conseguem escapar ao frio dentro do seu próprio lar, somos nós que exigimos, e não deixaremos de o fazer, a reposição dos serviços públicos de proximidade, furtados em nome de uma fatalidade que não existe, a que quer determinar sem razão um abandono de sempre e para sempre destas terras e regiões. Serviços públicos roubados das zonas e das populações mais fragilizadas do distrito, como as extensões de saúde, os centros de saúde, as farmácias comunitárias, as escolas, os serviços de correio, os balcões da banca pública, dos tribunais, ou como mais recentemente dizem e ameaçam as nossas populações, que por falta de trabalhadores se podem vir a encerrar os serviços de finanças e segurança social no interior do país.

É esta uma amostra do conjunto de propostas, de âmbito nacional e distrital, que dão corpo, forma e conteúdo à nossa candidatura, o conjunto de propostas indispensável a um maior equilíbrio territorial, económico e social das regiões, que nos traz por fim, a uma questão que não se separa e não se pode separar da concretização e implementação destas ou de outras propostas: a regionalização.

É este um imperativo constitucional, com a criação de uma estrutura administrativa descentralizada e eficaz, com a valorização do Poder Local e a concretização da regionalização, o aproveitamento racional dos recursos, o combate à desertificação e às assimetrias territoriais, a preservação do meio ambiente e ecossistemas e a protecção do património paisagístico natural e construído. E que não se confunda com esse processo tosco que por aí anda sendo implementado, o da transferência de competências para os municípios, que mais não é e mais não tem sido, do que a demissão do governo central das suas competências e obrigações.

Uma forte e autónoma Administração Local e Regional ao serviço das populações é condição essencial para a concretização dos pressupostos de Abril, da gestão democrática dos territórios e através de quem conhece profundamente as suas necessidades e carências.

Caros camaradas e amigos, 

Saberá o distrito e o seu povo, o nosso povo, escolher e distinguir entre os projetos transformadores e os de sempre. Distinguir entre os projetos que emanam da sua vontade, da vontade popular, dos seus anseios e aspirações, dos que procuram e dão resposta aos seus problemas, daqueles que se recapeiam em promessas e juras de amor ao interior, embandeirando em arco a sua dominância política e eleitoral neste distrito, orgulhando-se do seu legado histórico por estas terras. E camaradas e amigos, vejam a desfaçatez e a pouca-vergonha, que esse legado que tanto lhes enche o peito, é um legado de pobreza e miséria, abandono e desertificação, precariedade e baixos salários. São os coveiros e carrascos destas cidades, vilas, aldeias e lugares, e orgulham-se profundamente de tal feito.

Saberá o distrito e o seu povo, o nosso povo, escolher e distinguir entre os projetos que defendem o direito de aqui se nascer, de aqui se trabalhar e de aqui se viver, de aqui se ser feliz e do direito à alegria, daqueles mesmos e de outros iguais, seus sucedâneos políticos, que acham sempre encontrar mais espaço de manobra para daqui nos furtarem a dignidade no trabalho e na reforma, para daqui nos roubarem o futuro e a esperança. 

Saberá o distrito e o seu povo, entender a particularidade deste momento eleitoral, de que esse momento de irmos às urnas não servirá para escolher um primeiro-ministro, mas sim dar o seu contributo e decidir que deputados quererão a representar o território e os seus interesses. 

Caros camaradas, companheiros e amigos, partamos então com essa confiança, dando uma ajuda ao destino se for necessário, esclarecendo o que ainda faz falta de ser feito, para empurrar o distrito e o povo no caminho do progresso e do desenvolvimento. Partamos com a confiança que estas gentes saberão encontrar nesta candidatura, nesta coligação, e nestas propostas a sua esperança numa vida melhor. Que este povo trabalhador, que este povo que aqui vive e que aqui resiste e seguirá resistindo, saiba que o seu voto pode e vai contribuir para um futuro melhor e que esse futuro de si só depende. 

Caros camaradas, caros companheiros e caros amigos, partamos com essa determinação e certeza de que este povo e este distrito saberá que as memórias de passados mais ou menos distantes em nada determinam a concretização das suas esperanças e do amanhã que tanto anseiam. 

Saberão ter a memória individual e colectiva, das dificuldades de outrora dos assaltos das políticas de direita até dizer chega, ou das dificuldades de ontem mesmo e das suas políticas ditas de esquerda, mas subordinadas e ajoelhadas aos interesses dos donos disto tudo, dos cartéis do lucro e dos seus capatazes.

Caros camaradas e amigos, 

Uma melhor vida é inseparável de mais força à CDU, de mais deputados da CDU pelo país fora e em Viseu também. E este nosso povo, camaradas e amigos, povo aliás de onde nós próprios e o nosso projecto se levanta e cresce, encontrará aqui e em nós a sua vanguarda política e organizada, e em nome da defesa da justiça social e económica, do desenvolvimento e progresso laboral, social e cultural, em nome da defesa da liberdade, da democracia e da Constituição da República Portuguesa, rejeitará a liberalização e mercantilização de tudo e de todos, que rejeitará os projectos que sustentam essa ideia, da democracia cristã à social-democracia, do liberalismo às caricaturas fascistas, que berram os regressos da trilogia de ‘deus, pátria e família’, e, camaradas, daqui, do dia de hoje e do ano em que se comemoram os cinquenta anos da Revolução de Abril, respondemos que a Nossa Pátria São Cravos de Abril e Cantigas de Maio, Acima Deles Só o Povo e A Sua Terra.

Unidade e luta, venceremos!

Viva o PCP!
Viva a CDU!
Viva Viseu!
Viva Portugal! 

Partilha