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Parido Comunista Português

Intervenção de Paulo Raimundo, Secretário-Geral do PCP

Pela «esperança que não fica à espera», o voto é na CDU!

Sessão Pública «Abril: Democracia, Liberdade, Cultura

Camaradas e amigos,
Uma calorosa saudação a todos presentes. Uma saudação particular aos oradores que me precederam- à Ana Margarida de Carvalho, ao António Filipe, ao António Sampaio da Nóvoa e ao José Neves- todos, e cada um, com um forte compromisso com Abril.

Aqui nos juntamos para falar de Abril e de tudo o que comporta de sonho, de transformação, de avanço progressista e projecto de futuro. 

Aqui nos juntamos para falar de Democracia, de Liberdade e de Cultura, três elementos inseparáveis de Abril. 

Valores tão actuais quanto os 50 anos que assinalamos da Revolução, esse «dia inicial inteiro e limpo», que devolveu a liberdade, para ser pertença do povo e do indivíduo, que abriu os caminhos dessa democracia que quis que fosse plena-  política, económica, social, mas também cultural.

Essa, a nossa revolução, capaz de assegurar o acesso generalizado à livre criação e fruição dos bens culturais, com a eliminação das discriminações económicas, sociais e regionais no acesso ao conhecimento e à actividade cultural.

A Democracia Cultural, a democracia da formação de uma consciência social progressista; dos valores humanistas da liberdade, da igualdade, da tolerância, da solidariedade, da democracia e da paz.

A democracia do reconhecimento da função social dos trabalhadores da área da cultura e das suas estruturas.

É essa concepção ampla e progressista de democracia que a Constituição da República acolheu, onde o conjunto das suas vertentes se complementam numa relação dialéctica que queremos ver concretizada e afirmada em Portugal, cumprindo esse Abril que falta cumprir. 

A Cultura é um pilar da democracia e tem de ser valorizada, estimulada, acarinhada e protegida. É parte do nosso projecto de uma sociedade evoluída, fraterna e justa; é uma componente fundamental e sem a qual a democracia não se concretiza verdadeiramente.

Na CDU a cultura não é bandeira que se desfralda em tempo de eleições e que se arruma depois na gaveta. Os trabalhadores da cultura e as populações onde a CDU está presente- nas autarquias, no movimento associativo e cultural- sabem bem do que falamos. 

Estamos a pouco mais de uma semana das Eleições Legislativas, dessa oportunidade para trilhar o novo rumo que se exige: o novo rumo que tenha como referência Abril, os seus valores, o seu projecto e a dimensão cultural que transporta.

Portugal tem futuro, conhecemos as suas capacidades e meios e, acima de tudo, conhecemos e confiamos na força que o nosso povo tem. 

Essa força que levou por diante a Revolução de Abril, que pôs fim à censura e para o qual contribuíram muitos artistas e intelectuais que arriscando tudo, até a vida, não deixaram de projectar nas suas obras o sonho e o projecto de uma sociedade mais justa. Esse sonho e projecto que continua a ser tão necessário e actual.

É na Revolução, é na Constituição e nos valores de Abril que está o presente e o futuro de Portugal.

Sim, Abril é referência, Abril é inspiração, Abril é projecto que se reflecte nas nossas propostas e no nosso programa. Abril vive na forma como olhamos a vida. 
A CDU é essa força que, para lá do valor da proposta, vale pelo projecto que transporta como nenhum outro, para dar vida e fazer cumprir Abril. 

Dar força à CDU é criar condições para a vida de cada um avançar, mas é, também, dar força a esse projecto de esperança que a Revolução de Abril abriu. É retomar o que Abril significou de direitos, o que Abril provou de possibilidade, de progresso e vida melhor em todos os domínios da nossa vida colectiva. 

Dar mais força à CDU é dar combate à política de direita que todos os dias nega Abril. É inscrever novamente como objectivo cumprir, com a força dos trabalhadores e do povo, o que Abril teve de mais promissor, empolgante e transformador.  

Abril foi realização, construção e conquista. Foi e é direito à Saúde e à Educação e a valorização dos trabalhadores: foi e é democracia social.

Essa vertente da democracia onde a CDU, mais que ninguém, faz a diferença e se empenha para forçar o avanço e o progresso: nos salários, nas pensões, na gratuitidade dos manuais escolares e nas creches, na redução dos passes dos transportes públicos, no acesso gratuito aos museus. 

Abril é Cultura e é contra a sua mercantilização.

Abril não é restrição à liberdade cultural e estrangulamento de tantas e tantas estruturas culturais e o agravamento da situação dos seus trabalhadores e profissionais..

Abril é a cultura que não está confinada às regras do mercado capitalista que limita as suas opções temáticas e estéticas. 

Abril não aceita a alienação dos pobres e uma cultura a que só os ricos têm acesso.

Abril é o Estado assumir a Cultura como aquilo que é: serviço público, elemento central de responsabilização pública pelo desenvolvimento, democratização e liberdade cultural.

Abril é 1% do OE para a cultura a caminho de 1% do PIB.

É com estas escolhas e com estas opções que estamos confrontados a 10 de Março!

Tomemos nas nossas mãos esse sentido de avanço e conquista que tem na CDU o elemento mais decisivo de realização plena.

Há forças, há soluções e possibilidade de andar para a frente. 
Esse andar para a frente que exige mais presença, mais influência, mais força da CDU.

A vida do País e do povo não avança dando mais força ao PS. O PS de hoje é o mesmo PS dos últimos dois anos de maioria absoluta em que teve tudo: um Governo, uma maioria parlamentar e recursos bastantes para tomar outras opções. Se não fez diferente foi porque não quis.

Assim como sabemos o que esperar da direita, de toda ela, do PSD ao Chega, do CDS à IL.

Desses esperamos um Abril despido da sua dimensão transformadora e progressista, tolerado a custo por uma certa direita; rejeitado por outra que o quer ver vencido; democracia estritamente formal, longe da participação criadora das massas.
Desses só esperamos a liberdade reduzida ao individualismo extremo; o “salve-se quem puder”; exploração, injustiça e desigualdade. Desses só esperamos a cultura amputada da sua dimensão democrática- elitizada e exclusiva. 

A CDU não faltará ao que é preciso fazer pela democracia, pela liberdade e pela cultura. Não faltará para retomar Abril, cumprir e realizar o que de perspectivas de progresso abriu. 

Assim outros possam ser tão claros. Assim fosse isso que outros quisessem fazer, para lá de palavras e promessas. Para dar solução aos problemas a CDU cá está. 

Os trabalhadores e o povo sabem que podem contar com esta força. Uma força que busca, na ligação à vida, na partilha e confronto de opiniões diversas, na acção convergente e construtiva as soluções e respostas que o País precisa.
  
Esta força da convergência que fala claro sobre a resposta aos problemas. Esta força que é necessária. A CDU faz falta; faz falta mais força à CDU.

Esta força com suficientes provas dadas para saberem que não faltaremos à política de esquerda que é necessária. Não faltarão as iniciativas e o compromisso de responder ao que tem de ser respondido, no tempo certo e sem demoras.

Aqui reconhece-se o valor da seriedade, da assumida dignidade, do valor da palavra. 

Concorde-se ou discorde-se, na CDU não há espaço para o engano, fazemos o que dizemos, e só dizemos o que faremos. 

É com este compromisso que os homens e mulheres da cultura e todos os democratas contam.

A História, incluindo a mais recente, o que mostra é que é a determinação e o contributo da CDU que fazem realmente a diferença, que fazem a vida andar para a frente. 

Como afirma a «iniciativa dos comuns», a diminuição da nossa representação parlamentar «tornou a vida mais difícil para as classes populares».

Dia 10 de Março teremos oportunidade de afirmar a democracia, essa democracia integral que Abril representa. Teremos a oportunidade de afirmar a liberdade naquela dimensão em que o individual se realiza no todo social. 
Essa democracia nossa, tão atormentada, esse cravo que precisa de água para continuar a crescer e a crescer na vida de todos nós.
Esse cravo que se quer cada vez mais robusto e capaz de enfrentar todos os desafios.
Não é prosseguindo as políticas que abrem caminho às forças contra-revolucionárias, que se lhes faz frente. 
Bem pelo contrário, a única força que, consequentemente, combate a direita e pode garantir a mudança é a CDU. 
Há quem pense que as forças reaccionárias só ameaçam os comunistas, há quem pense ser-lhes benéfico as discriminações a que somos sujeitos. É tempo de se desenganarem. 
É tempo de agir. 
O anticomunismo foi e continua a ser a plataforma ideológica contra a liberdade, contra os trabalhadores, contra o regime democrático.
No dia 10 de Março cada eleitor do campo democrático devia saber que quando o PCP e a CDU se reforçam, a defesa as liberdade torna-se mais firme, as condições de vida melhoram. 
O inverso é igualmente verdadeiro.
O voto na CDU, não é apenas o único voto útil, é o voto necessário. O voto na CDU é o voto triplamente útil porque é um voto de protesto e de proposta; é um voto que obriga outros a virem a soluções positivas e é um voto de combate à direita e aos projectos reaccionários.  

Ninguém como nós tem um percurso de combate contra as forças reaccionárias e fascizantes e hoje cá continuamos determinados na luta contra tais projectos!

A força da coerência que não muda de opinião conforme o vento, que quando é preciso dizer sim, diz sim, e quando é preciso dizer não, diz não.

A CDU é o porto seguro. É uma força que não se deixa condicionar ou amedrontar por maiores que sejam as campanhas. É a força de Abril.

Pela «esperança que não fica à espera», o voto é na CDU!

Muito obrigado a todos,
Viva Abril!

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