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Parido Comunista Português

Intervenção de Paulo Raimundo, Secretário-Geral do PCP

Não descansemos, não deixemos uma única conversa por fazer

Camaradas e amigos,

Uma grande saudação a todos vós, aos nossos aliados do Partido Ecologista “Os Verdes” e da Associação Intervenção Democrática, a todos os que não tendo filiação partidária connosco lutam por uma vida melhor, ao povo e aos trabalhadores desta terra e deste Distrito de Lisboa.

À medida que a campanha avança, à medida que vamos alargando o contacto e o esclarecimento, vai avançando a consciência de que é a CDU a força que conta para uma vida melhor. 

É assim e foi assim quando a CDU tomou a iniciativa de afastar o Governo  PSD/CDS e abrir caminho à recuperação de direitos.

É assim e foi assim quando a CDU não se submeteu à chantagem, perante um Orçamento do PS que, em 2022, agravaria os problemas, nomeadamente os baixos salários, o direito à saúde ou à habitação.

Foi assim ao longo dos últimos dois anos em que a CDU foi a verdadeira oposição política à maioria absoluta do PS.

E assim será, com a CDU a contar e a contar sempre para o caminho de Abril.

Quando outros tentam atirar Abril para uma prateleira, procurando convencer que é coisa do passado, aqui dizemos que Abril é presente e é mais futuro. 

Que ninguém ouse falar em impossibilidades e pôr em causa as capacidades deste povo que derrubou o fascismo, que acabou com a Guerra Colonial, que construiu a Escola Pública e ergueu o SNS, que garantiu direitos e serviços públicos que ainda hoje, 50 anos volvidos, perduram, apesar dos ataques de décadas de política de direita, e que alguns ainda tentam destruir.

Para enfrentar os problemas de hoje não é preciso inventar a roda nem começar do zero. Só é preciso cumprir a Constituição.

Haja vontade política e o País avança.

Olhe-se para os serviços públicos: direito à saúde, direito à educação, aos transportes, à habitação, à cultura e ao desporto. Direitos que se podem e devem sobrepor às imposições da UE e do Euro.

Direitos que se podem e devem sobrepor aos interesses do grande capital. 

Não podemos continuar a ter a banca a ter 12 milhões de euros de lucros por dia enquanto tanta gente está apertada com as prestações da casa.

Não podemos continuar a gastar mais dinheiro em PPP rodoviárias, do que aquilo que se investe na Cultura, sobretudo quando tantas estruturas não conseguem apoios para os seus projectos.

Não podemos continuar a ter metade do orçamento da saúde a ser entregue aos grupos privados.

Sempre com o SNS na lapela, o PS tem grandes responsabilidades pela degradação dos serviços, pelos encerramentos que temos sentido pelo País fora. 

Perante esta situação que vivemos, recusou a construção de novos hospitais e centros de saúde e preparam-se para pela porta ou pela janela, avançar com mais PPP na saúde. 

Até se gabam de ser os pais das PPP na saúde!

Sim, gabam-se de serem os pais das PPP, e são as mães das filas de espera e da falta de cirurgias e tratamentos; são os tios dos milhares sem médico de família. São, tal como o PSD, o Chega e a IL, afilhados dos interesses do Grupo Mello, da Luz Saúde, ou do Grupo Lusíadas Saúde. 

Por muito que a direita repita a mentira, ela não se torna verdade. 

Se a situação tem vindo a piorar, ela é o resultado, não do SNS, não dos seus profissionais, não da gestão pública, mas precisamente da política de desinvestimento, de delapidação dos recursos do SNS para o negócio da doença.

Um elemento-chave desta política passa pela degradação das condições dos profissionais de saúde. 

A regra, como o PS sempre quis, passou a ser o contrato individual de trabalho e os vínculos precários, e os resultados estão à vista. Destruíram as carreiras e eliminaram qualquer perspectiva de evolução para a generalidade dos profissionais. 

Atacaram os salários, carregaram nos horários e tornaram ainda mais difícil a conciliação da vida pessoal e familiar, com a formação e a investigação.

E se há coisa que sabemos é que se não fosse a dedicação dos profissionais, o Serviço Nacional de Saúde estaria ainda pior.

Sai mais caro e tem pior qualidade mandar fazer os exames nos grupos privados, como acontece em muitos hospitais do SNS do que o hospital poder ter os equipamentos e os profissionais para fazer os exames internamente.

A direita, sempre tão vocal e ruidosa quanto ao dinheiro dos contribuintes, quando se trata de investir em empresas públicas e em serviços públicos,já não se incomoda nada que esses recursos públicos sejam desviados para financiar os lucros dos grupos económicos. 

Os hospitais privados estão sempre prontos quando a situação aperta e se torna difícil, ou dispendiosa, a enviar os doentes para os hospitais públicos.

Aliás veja-se este paradoxo: nunca existiram, como existem agora, tantos hospitais privados e nunca houve, como se verifica agora, tanta dificuldade em aceder a cuidados de saúde. 

Não se combate a direita com política de direita, nem se combate a política de direita convergindo com a direita, como fez e quer fazer o PS.

Nós não precisamos de um outro modelo para a saúde. O que precisamos é de um SNS reforçado, de um investimento real e concreto que dê resposta a toda a população.

Não precisamos deste caminho contínuo e acelerado de desmantelamento em curso. 

Hoje mesmo ficámos a saber que, a partir do mês de Abril, vão encerrar 7 locais onde hoje se efectuam cirurgia mamária. Estamos perante um perigoso retrocesso, anunciado um dia depois do PS ter afirmado que com o PS não seria dado nem um passo atrás no SNS.

Foi o SNS que permitiu que qualquer pessoa visse garantido o acesso a cuidados de saúde de qualidade e gratuitos.

Foi o SNS que permitiu praticamente erradicar  doenças como o sarampo, a Hepatite B e a Hepatite C. 

Foi o SNS e os seus profissionais que não desertaram quando a pandemia de COVID-19 nos atingiu. 

Foi o SNS que permitiu reduzir expressivamente as taxas de mortalidade infantil.

Foi o SNS que fez com que a esperança média de vida aumentasse substancialmente.

Foi o SNS que se tornou uma referência em todo o mundo. Será no SNS que encontraremos as soluções. 

Também na saúde não é preciso inventar a roda. 
É preciso é fazer opções, e podem contar com a CDU para as fazer.
É com a CDU que podem contar para dotar o SNS do investimento necessário para a sua autonomia. 

É com a CDU que podem contar para dotar o SNS do seu bem mais precioso, os seus trabalhadores, desde logo, promovendo a opção de dedicação exclusiva para médicos e enfermeiros, e outros profissionais de saúde que  escolham o SNS .

Opções que se afastam das intenções de  PS, PSD, CDS, Chega e IL, mas que se aproximam daquilo que é preciso fazer.

Todos diferentes entre si, cada um com a sua natureza, a sua forma, o seu ritmo, mas que arranjam sempre maneira de se alinhar quando é preciso optar entre os interesses dos grupos económicos e a vida de cada um de nós.

Do PSD e CDS, mas também dos seus sucedâneos do Chega e IL, só se podem esperar retrocessos.

Esses mesmos que em conjunto são, como nos lembramos bem dos tempos da Troika, de Passos e Portas, os recordistas dos cortes das pensões, dos salários, dos subsídios de Natal, dos feriados e do enorme aumento de impostos. 

E para que fique claro, da nossa parte, na CDU, não pomos a mão por baixo desses cujo  projecto ficou bem claro no período da Troika, desses que nos deram tanto trabalho e luta tirar do poder, desses que mais não querem que retomar o seu projecto de destruição que teve entre 2011 e 2015 um grave avanço e que foi por nós interrompido. 

Connosco não. Por nós, PSD, CDS,  e os seus sucedâneos do Chega e da IL, não voltarão a ter oportunidade de governar.

Todos com essa conversa que não há dinheiro. Essa conversa que convence cada vez menos gente, perante as intoleráveis injustiças e desigualdades que nos entram pelos olhos adentro.

Olhe-se para os lucros escandalosos, cada vez maiores, dos grupos económicos. Hoje mesmo foram anunciados 960 milhões de euros da EDP.

Como dizemos há muito tempo, e temos dito ao longo destes meses, é preciso um aumento geral e significativo dos salários. 

Podem-se fazer mil propostas e adiantar outras tantas ideias, mas sem esse aumento não haverá justiça na distribuição da riqueza, nem desenvolvimento do País.

Essa riqueza tão mal distribuída e que leva amanhã os trabalhadores da CGD a exigir um justo aumento dos seus salários.

É justo, é necessário e é possível o aumento geral e intercalar das pensões, que garanta que em 2024, nenhum reformado tem um aumento inferior em 7,5%, num mínimo de 70 euros.

É justo, é necessário e é possível investir na habitação pública, e, no imediato, travar o aumento das prestações e pôr os milhões de euros de lucros da banca a suportar o aumento das taxas de juro.

Os grupos económicos e as multinacionais não estão interessados no desenvolvimento do País nem na produção nacional, nem em acabar com os défices estruturais, mas sim em acumular mais lucro, em sacar o mais possível da riqueza nacional.

É justa, é necessária e é possível uma outra política. Para isso é fundamental dar mais força, mais votos, mais deputados à CDU. E tal só acontecerá se formos ao contacto, à conversa e ao esclarecimento.

Este é um trabalho que depende de todos nós.

A CDU está a crescer e a alargar e há espaço para crescer e alargar ainda mais. Dirigi-mo-nos a todos os que querem e têm direito a uma vida melhor.

Os que estão indecisos e ainda não decidiram o seu voto; os que que estão inclinados a votar noutros, mas que podem mudar de ideias; os que estão cansados e sem perspectiva, perante o arrastar dos problemas; os descontentes; os que desconhecem ainda que serão tão mais fortes quanto mais unidos estiverem. Não desistamos de nenhum. É também por eles que lutamos, será também com eles que construiremos a alternativa.

Aproveitemos a oportunidade, não descansemos, não deixemos uma única conversa por fazer.

Aqui está a CDU, este grande espaço de convergência de tantos democratas e patriotas. 

Onde está o Partido Ecologista “Os Verdes”, e a política no nosso País precisa que o PEV regresse à Assembleia da República. 

Onde participa a Associação Intervenção Democrática e centenas de homens e mulheres sem filiação partidária que se revêm na CDU. 

E em que está, também, o PCP, um Partido que se confunde e funde com a história da luta do nosso povo. 

Partido da resistência anti-fascista. O único que não capitulou, nem renunciou à luta e que se entregou com audácia na procura e construção dos caminhos da liberdade e da liquidação do fascismo. Partido da Revolução de Abril e das suas conquistas. Partido da luta contra a política de direita e a recuperação capitalista e em defesa das conquistas de Abril, do regime democrático e da Constituição.

Ao longo de 103 anos o Partido Comunista Português provou e prova ser necessário, indispensável e insubstituível aos trabalhadores, ao povo e ao País.

Cá continuamos na luta com gente séria e honesta, com vontade e a força do povo para travar os que se acham donos disto tudo e pôr o País no trilho que marca a nossa história, no trilho dos valores de Abril.

É de presente e de futuro que é feito o nosso projecto. E é o presente e o futuro que se jogam também no próximo dia 10 de Março.

Por Abril no presente e no futuro de Portugal, a opção é uma e só uma: o voto na CDU.

Viva a Juventude CDU!
Viva a CDU!
Viva Abril!

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