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Parido Comunista Português

Intervenção de João Paulo Delgado, 1.º candidato por Leiria

É hora de eleger deputados que exijam um desenvolvimento equilibrado para o distrito de Leiria e para o País

Comício na Marinha Grande

Boa noite, amigos e camaradas,

Agradecer a todos a presença neste nosso grandioso comício.

Uma calorosa saudação a nosso Secretário-Geral, o camarada Paulo Raimundo.

Ao nosso camarada Secretário-Geral quero deixar as muitas mensagens de apoio, de confiança e de força, que temos recebido por este distrito fora; deixar também um forte e fraterno abraço de todos quantos fazem parte deste grande coletivo que é a CDU no Distrito de Leiria – alargado espaço de luta e de convergência onde se reúnem comunistas, ecologistas e muitos homens e mulheres que, mesmo sem filiação partidária, veem na CDU a única estrutura política capaz de fazer avançar o país e responder afirmativamente às suas convicções, reflexões, necessidades e aspirações.

Uma saudação igualmente calorosa para o nosso camarada – um camarada que é um exemplo para todos nós, um exemplo para o país, para as novas gerações; exemplos que nos devem nortear a ação nos conturbados tempos que vivemos, pois mesmo nos quadros mais extremos, complexos e dolorosos, em que a vida parecia encaminhar-se para lugar nenhum, nunca perderam a esperança de transformar o mundo, o país, a vida dos trabalhadores e do nosso povo em algo melhor - falo do nosso camarada, histórico dirigente do PCP, resistente antifascista e antigo preso político – Domingos Abrantes.

Um enorme saudação também para a lista que aqui represento. Um conjunto de homens e mulheres que são os rostos que nunca faltaram a cada luta que a vida nos impõe. Os rostos da resistência, da defesa dos trabalhadores, do povo e do justo desenvolvimento deste distrito. Rostos que não se vergam às inevitabilidades, aos becos aparentemente sem saída. Conhecem profundamente as linhas que cosem este distrito, que não falam de cor dos setores, dos problemas, das dificuldades ou das potencialidades que existem, porque nunca viram a vida a acontecer do lado de fora ou ao longe – são eles e elas que fazem a transformação necessária a cada dia que passa. São por isso, os imprescindíveis, tal como Brecht definia aqueles que não lutam apenas por um dia, não lutam apenas por um ano, não lutam apenas durante vários anos – estes são os imprescindíveis porque lutam durante a vida toda!

Camaradas,

Bem sabemos das dificuldades impostas ao nosso povo; sabemos igualmente os espartilhos colocados ao desenvolvimento e à soberania do nosso país. Para alterar este quadro o caminho não é a desesperança, o desânimo, a passividade perante a intoxicação mediática que nos entra por casa dentro diariamente. Há que intensificar a ação, mais rua, mais contactos, mais conversas e menos televisão!

A nossa história, as nossas causas, os nosso valores e princípios, o que temos feito para defender o nosso povo e o nosso país só nos deve servir de motivação e orgulho para que, de cabeça bem levanta, possamos dizer presente e afirmar que estamos do lado certo da história. A vida, o curso imparável da história comprovou, comprova e continuará a comprovar que a razão está do nosso lado.

Enquanto as desigualdades sociais, as injustiças, as ameaças à PAZ e a exploração de homens e mulheres se mantiver, as nossas causas manter-se-ão imutáveis e sempre atuais - é por não nos conformarmos que este quadro de coisas que não nos suportam, desferindo contra nós insanos e descarados ataques.

Mas apesar destes ataques, dos silenciamentos, das caricaturas, das mistificações, da mentira mil vezes proferida, da verdade mil vezes ocultada, do teatro do absurdo imposto pela sociedade que visa transformar tudo num espetáculo altamente lucrativo para as multinacionais que dominam o espaço mediático, nós não vergamos. Resistimos. Avançamos. Recuamos e voltamos a avançar sempre que o povo e a força organizada dos trabalhadores assim determinar.

Sempre foi assim. Estes são os factos e esta é a história que temos para analisar. Sempre que a CDU se reforçou a vida dos portugueses avançou. Sempre que a representação da CDU diminui é a vida dos portugueses que, de dia para dia, se vai deteriorando nas suas mais diversas dimensões.

Num quadro de menor representação da CDU é quem vive do seu trabalho, os que trabalharam uma vida inteira, os micro, pequenos e médios empresários, os jovens estudantes, quem não tem casa para viver, os que não têm o seu direito à mobilidade pela falta de investimento nos transportes públicos, todos os que não têm possibilidades de suportar o negócio da doença nos grupos privados, os profissionais da Educação, da Cultura, da administração pública, das forças se segurança, estes são os que, com o enfraquecimento da CDU têm visto a sua vida como um peso que têm que suportar.

Enquanto isto, os lucros astronómicos das grandes multinacionais, da banca à energia, da grande distribuição às telecomunicações, atingem lucros astronómicos. Neste mesmo tempo em que se acha normal ver os trabalhadores e o povo afundarem-se na mais severa pauperização de que lhes é imposta.

É por isto que afirmamos constantemente, nos inúmeros contactos que temos tido, que é hora, é hora de eleger mais deputados que defendam os interesses de quem trabalha ou trabalhou. Está na hora de eleger deputados que exijam um desenvolvimento equilibrado para o distrito e para o país – estes deputados a eleger, são os, ainda, candidatos a deputados pela CDU!

A CDU tem vindo a fazer uma enorme campanha de esclarecimento sobre o que está realmente em causa nestas eleições legislativas. Muitos ainda se surpreendem quando afirmamos que não estamos a eleger o primeiro-ministro, mas a eleger 230 deputados à Assembleia da Républica e que desses 230 deputados, 10 são eleitos pelo distrito de Leiria. Informando simultaneamente que a CDU, mesmo sem deputado eleito na última legislatura, apresentou mais propostas e intervenção sobre esta região do que todas as outras forças com deputados eleitos pelo Distrito – PS, PSD e CHEGA.

No plano do distrito a CDU tem um compromisso eleitoral que visa dar respostas integradas ao desenvolvimento do território e à defesa dos interesses das suas populações.

Tal como no plano nacional, também no distrito é no aumento geral dos salários, reformas e pensões que residem as grandes questões de fundo, a par da problemática da habitação e do reforço do nosso SNS.

Num distrito onde impera uma crónica política de baixos salários, os mesmo determinam uma vida sem folga para trabalhadores e, inevitavelmente, reformas curtas para meses demasiado longos.

Um distrito onde existe a vertigem de o mesmo ser um gigante económico, mas que o PIB está abaixo da média nacional, os salários seguem na mesma linha e as reformas são das mais baixas do país. Um distrito onde o desemprego cresce. As famílias são atiradas para fora das cidades e vilas, particularmente no litoral, e onde os preços proibitivos impedem a maior parte das pessoas de aceder a habitação condigna.

Um distrito onde milhares não têm médico e enfermeiro de família, sendo atirados para o setor privado, para onde também se depositam muitos milhões de euros do Orçamento de Estado que deveriam ser destinados a reforçar o nosso SNS; um distrito onde se adia indefinidamente a construção do novo Hospital do Oeste e se deixa degradar os hospitais e os centros de saúde de onde se retiram valências.

Um distrito onde é urgente intervir no parque escolar para deixarmos de ver chover dentro das escolas ou as mesmas se eternizarem a funcionar em contentores que eram para ser provisórios; um distrito e um país que não confere estabilidades aos profissionais da educação, designadamente professores, nem lhes restitui o tempo de serviço roubado (6 anos, 6 meses e 23 dias).

Um distrito adiado em termos de mobilidade, onde a linha do Oeste tarde em ser requalificada e eletrificada integralmente, para que se articule com uma verdadeira rede pública de transportes públicos rodoviários que asseguro o direito à mobilidade dos cidadãos;

Um distrito que forma, que qualifica quadros com capacidade de devolver ao país aquilo que o país neles investiu, depois, por não para haver uma ideia de país articulada com uma ideia de distrito, muito são obrigados a abandoná-lo. Como se pode formar artistas, sem investir na Cultura (1% do OE, tal como propomos)? Como se pode investir na investigação científica se aquilo que temos para oferecer é a mais severa precariedade aos investigadores?

Um distrito com um património natural e ambiental tremendo, mas que tem vindo a ser desvalorizado ou, em alguns casos, destruído, como no caso da mata nacional de leiria ou o pinhal interior norte. Hoje, aquilo que era um tesouro desta região, onde nos seus recantos se formaram memórias e identidades que construíram a cultura de um povo; um ativo estratégico da região na produção de madeira e resina e que, criminosamente, é deixado à mercê de um outro qualquer fogo que virá.

Um distrito onde os 5 concelhos do PIN perderam nos últimos anos entre 11 e 15% da sua população.

Um distrito com dois portos de pesca, num país onde se consome em média 57/kg de pescado per capita/ano e que o coloca como o 3º maior consumidor de pescado do mundo; com um enorme potencial na agricultura, na silvicultura, na apicultura, na pastorícia, na indústria – desde os moldes às conservas, do vidro, à cristalaria ou à cerâmica.

Temos um distrito que, a exemplo do país, não é pobre, mas que tem sido empobrecido e as suas principais riquezas transferidas para quem já muito tem. Os tempos que vivemos exigem a determinação e a luta da CDU para que se potenciem os seus recursos e que os mesmo sejam para usufruto de quem nele vive e trabalha.

Temos muito trabalho pela frente. Até dia 10 de março que ninguém fique com o peso na consciência pelo que não foi feito e poderia ter sido!

Lembrado um poema de Guimarães Rosa, e porque vem a propósito:

“O correr da vida embrulha tudo.
A vida é assim: esquenta e esfria / Aperta e daí afrouxa, / Sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente / É coragem!”

Vamos ao trabalho camaradas!

Viva a CDU!

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