Intervenção de Jerónimo de Sousa, Secretário-Geral do PCP

Sim, somos força de Abril a construir o futuro

Sessão Pública em Serpa

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Camaradas e amigos   

Uma saudação aos candidatos e activistas aqui presentes, aos candidatos das freguesias e dos órgãos municipais, candidaturas esta que terão no Tomé Pires e no João Efigénio os rostos mais visíveis deste projecto colectivo que confirmará a CDU como força maioritária neste concelho.

Uma saudação calorosa aos trabalhadores e ao povo deste concelho de Serpa, um povo com um percurso inapagável de luta, resistência e conquista de direitos e de liberdade. 
Esta terra de trabalhadores do campo que construíram pelas suas mãos páginas indeléveis como o da conquista da jornada das 8 horas, conquista histórica que agora completa 60 anos.


Dá que pensar que seis décadas depois se assista pela mão da política de direita, pela mão de PS, PSD e CDS esta selva da desregulação dos horários de trabalho, instrumento de exploração e de infernização da vida de tantos e tantos trabalhadores, a começar pelos mais jovens. 

Aqui estamos para um renovado mandato, com a confiança que o trabalho realizado nos confere. 

Um trabalho que desde esse momento maior que foi a Revolução de Abril, e em mandatos sucessivos, soube recolher o apoio e o reconhecimento devidos por parte deste povo que tem o seu percurso marcado pela resistência ao fascismo e pela concretização de profundas transformações revolucionárias como a reforma agrária. 


O facto desta conquista ter sido destruída pela política de direita que uniu PS, PSD, CDS e agrários não apaga o que ela representou de progresso para os trabalhadores e o que significa enquanto referência maior da história deste povo.

Serpa conta e continuará a contar com a CDU, com a acção dos seus eleitos, com o projecto distintivo que marca o seu percurso de intervenção.


Um trabalho que salta à vista, que transformou para melhor a vida neste concelho, que soube cuidar da vila e do seu centro histórico e não deixar para trás nenhuma das suas freguesias. 

Um trabalho reconhecido nacional e internacionalmente e em que a classificação do “Cante” como património imaterial da humanidade é apenas a expressão mais visível de um continuado trabalho de valorização e preservação do seu património nas diversas dimensões que tem. 
Olhando para o que aqui se faz pela cultura e o património, mais contrastante é com o desleixo e abandono que no plano da política nacional e dos sucessivos governos se tem visto no plano cultural. 

Um trabalho distintivo pelo trabalho que realiza, a dedicação posta da defesa do interesse público e ao serviço das populações.

Distintivo pela prioridades e opções que assume, pelo rigor posto na gestão da autarquia e no desempenho dos cargos públicos. 

Distintivo pela atenção dada à participação das populações, ao reconhecimento que faz do papel do movimento associativo popular.  


Garantindo sempre uma particular atenção aos direitos dos trabalhadores, e em particular pelo papel directo que nos compete à valorização dos trabalhadores das autarquias. 

Bem se pode afirmar que os trabalhadores desta autarquia conhecem bem a diferença entre a CDU e as outras forças políticas. Na atenção dada às suas condições trabalho, instalações e equipamentos. 

No apoio e solidariedade activa com todas as suas lutas por melhores salários e valorização das carreiras e  profissões. 

Na intransigente defesa das 35 horas de trabalho semanais quando a troika e o governo PSD/CDS quiseram impor as 40 horas. 

E como agora uma vez mais se comprova com a aplicação do suplemento de penosidade e insalubridade que conhece aqui, e nas autarquias da CDU no país, uma aplicação contrastante com o que se passa nas autarquias de outras forças políticas. 

Na CDU não fazemos das eleições um leilão de promessas, nem fazemos como outros, a começar pelo PS e o próprio Governo, que mil vezes prometem de novo o que mil vezes antes tendo prometido, não executaram. 
Veja-se a falta de resposta do que compete ao governo quer quanto à saúde, à educação ou à segurança pública. 
Veja-se quantas vezes a autarquia não tem de fazer para lá do que lhe compete, um tapar de buracos face às opções do PS de colocar à frente dos interesses do país o défice e as imposições da União Europeia.

Sim a CDU trabalha e faz obra. Um trabalho que não teme comparações. 
Mas ao mesmo tempo que trabalhamos não calamos as justas reivindicações das populações, não abandonamos as suas lutas. É o que temos feito para exigir os cuidados de saúde, neste concelho, para que o ministério faça as obras que tardam há muito na escola secundária. Assim como é com a CDU que a população conta para ver devolvidas as freguesias roubadas ao povo. 

Se nestas eleições se volta a adiar essa reposição, se no dia 26 não se vão eleger os órgãos de Vale Vargo e Vila Nova de São Bento é porque o PS tudo fez para manter o que PSD e CDS haviam consumado.


Futuro de confiança – é esta a ideia central que queremos transmitir nestes tempos estranhos que alguns, a pretexto da epidemia querem aproveitar para aumentar a exploração e limitar direitos. 

Um futuro que saberemos construir no plano local exercendo as competências que cabem às autarquias. 

Mas o futuro a que temos direito exige que, para lá do poder local, se construa a partir de uma outra política nacional. 

São muitos os problemas, novos e acumulados, com que o País se confronta. 

Problemas novos que a incúria e a passividade do governo acentuam como se vê com a situação do uso da terra.
Aqui estamos, à beira dessa notável infraestrutura pública, pela qual foi preciso lutar tanto, o Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva. Uma infraestrutura que tendo potencialidades imensas para contribuir para a segurança e a soberania alimentar, se transformou na galinha dos ovos de ouro de grupos económicos do capitalismo agrário, uma boa parte dos quais multinacionais que aqui vêm exercer a sua actividade de garimpo com culturas superintensivas, seja do olival, seja de amendoal. 

O caminho não pode ser o deste modelo agrícola insustentável, apoiado e acarinhado pelo Governo, que não contribui para fixar populações, antes pelo contrário, se estrutura em mão de obra de passagem, em regime de sobre-exploração, e do ponto de vista ambiental, degradando solos e destruindo património, fazendo sobre uso da água ao serviço de interesses particulares e pondo em causa a saúde humana. 


Problemas que não se resolvem porque o PS continua amarrado às opções da política de direita que estão na sua origem. Não faz sentido vir lamentar-se com a perda de população quando não cria condições de vida para os jovens casais, seja no plano do emprego ou no assegurar de creches gratuitas para todas as crianças como PCP defende. 

O PS teve toda a oportunidade para encetar uma política alternativa. Não o fez porque são outros os seus compromissos. 

Mesmo quando pela intervenção do PCP foi obrigado a dar passos e resposta a alguns problemas fá-lo contrariado, a arrastar os pés no caminho da solução dos problemas. 

Veja-se o que sucede, passado meio ano desde a sua entrada em vigor, com o Orçamento do Estado. 

É inegável o impacto positivo na vida de milhões de portugueses das medidas de aplicação directa inscritas no Orçamento por proposta e iniciativa do PCP.  
Quando outros faltaram, o PCP não faltou com a sua intervenção e persistência para garantir neste ano de 2021 respostas que a gravidade da situação exigia. Para que não se esqueça, entre outras:

- Sim, foi pela acção do PCP que cerca de 300 mil trabalhadores em lay-off passaram a receber os seus salários por inteiro;

- Sim, foi pela acção do PCP que um milhão e novecentos mil pensionistas tiveram aumentos de pensões. 
É verdade que o valor das reformas continua aquém do que é devida a quem trabalhou uma vida inteira. É preciso fazer mais e mais para garantir pensões dignas.

E, sobretudo, pensar que os salários de hoje serão as pensões de reformas de amanhã pelo que o aumento geral dos salários e do salário mínimo nacional para 850 euros é uma medida inadiável, justa e emergente. 


-Mas foi também pela ação do PCP que
200 mil pessoas foram abrangidas pelos apoios dirigidos aos trabalhadores independentes e outras pessoas sem proteção social;

-mais de 50 mil trabalhadores desempregados que viram os seu subsidio de desemprego prolongado ;

- cerca de 20.000 crianças abrangidas pela gratuitidade das creches.

Mas esta realidade contrasta com os atrasos e as limitações que o Governo tem colocado para entravar a concretização de um conjunto significativo de outras medidas inscritas no OE. 

Ou seja, o que era automático e o governo não podia empatar entrou em vigor.

Em quase tudo o resto é o que se vê. Atrasos, desculpas, fingir que faz mas não faz. 

Não faltarão nas próximas semanas o agitar de novas promessas, o acenar dos milhares de milhões, a tentativa do PS de condicionar e chantagear os eleitores com esses investimentos. 

Se há dinheiro, e há, então que esse dinheiro sirva para garantir os investimentos neste concelho que o Governo continua a adiar seja no plano da educação, da saúde, das forças de segurança ou do património.

E sobretudo que não se use esse dinheiro como cenoura para transferir novos encargos para cima das autarquias locais, reduzindo de facto no plano nacional o financiamento e investimento público que cabe ao Estado assegurar.

Daqui até às eleições é tempo de esclarecer, mobilizar e convencer.

Nestas eleições locais a CDU tem uma vantagem imensa. 
Podem dizer o que quiserem mas nada apaga uma realidade. 
As pessoas conhecem-nos e sabem o que representamos, sabem que aqui na CDU é gente séria, empenhada em servir as populações sem nada a esperar que não seja a satisfação do dever cumprido. 

De que cada hora que dedicamos ao interesse comum é avanço nas condições de vida de todos. 

É isso que motiva e realiza cada um de vós, cada um dos candidatos e apoiantes. 

E é também isso que leva a que muitos eleitores, que tendo outras opções políticas e partidárias, reconheçam no nosso trabalho na autarquia razão para nos confiarem o seu apoio e o seu voto.

Partimos para estas eleições afirmando o valor do poder local democrático enquanto conquista de Abril, pelo trabalho que realizamos, pelo testemunho e prova que esse trabalho faz de demonstração de que na política não são todos iguais. 

Sim, somos força de Abril a construir o futuro. 

Este Abril imenso de significado que este povo ajudou a ser realidade e que em 2024, quando comemorarmos os 50 anos da Revolução, terá a CDU à frente das autarquias de Serpa a dar-lhe a expressão e dimensão que a Abril, ás suas conquistas e aos seus valores são devidos.