Intervenção de Jerónimo de Sousa, Secretário-Geral do PCP

«Não contem com a CDU para ter nas Câmaras Municipais eleitos que sejam correias de transmissão do governo»

Sessão Pública no Barreiro

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Caros amigos e camaradas:

Uma saudação fraterna para todos vós e, por vosso intermédio, uma saudação ao povo do Barreiro que nos momentos mais difíceis da nossa vida colectiva sempre soube dizer presente, como aconteceu na luta pela liberdade, pela democracia, mas também na defesa do regime democrático, pelo desenvolvimento país.

Quero igualmente saudar os nossos parceiros de Coligação, o Partido Ecologista os Verdes e a Associação Intervenção Democrática.

Mas, se me permitem, uma saudação muito especial nas pessoas do Carlos Humberto e do José Luís Ferreira, respectivamente candidatos à Câmara Municipal e Assembleia Municipal, a todos os candidatos que integram as listas da CDU no concelho do Barreiro aos órgãos municipais e às assembleias de freguesia o nosso apreço por terem aceite em nome da Coligação Democrática Unitária, trabalhar para se conseguir o inadiável objectivo de interromper a gestão danosa dos interesses do Barreiro e da sua população e retomar os caminhos do desenvolvimento interrompidos há 4 anos.
  
A obra realizada pela CDU em cerca de 37 anos de maioria na Câmara Municipal, é uma obra que nos orgulhamos e que só não foi mais longe nos seus resultados porque sucessivos governos do PS, PSD e CDS não tiveram a capacidade política para acompanhar o esforço que foi desenvolvido pelos nossos autarcas, colocando sistematicamente os interesses partidários e do grande capital em primeiro lugar, tal como se está a verificar actualmente.

A pouco mais de 48 horas do encerramento da campanha, esta sessão pública é mais um passo nesta importante caminhada iniciada há muito, de afirmação da CDU, dando expressão a um projecto colectivo, construído pelo trabalho de todos e de cada um, em que a imprescindível contribuição, o conhecimento e a experiência individual ganham, na acção colectiva, a expressão e força decisiva que o distinguem.

Um projecto protagonizado por gente que ama a sua terra e que coloca as pessoas no centro das suas preocupações e intervenção.

Um projecto autárquico que se caracteriza pelo trabalho, honestidade e competência, de uma Coligação que conhece as necessidades e aspirações duma população que ao longo dos anos foi amadurecendo a sua consciência política e social e que hoje sabe distinguir entre os que ouvem, projectam e fazem obra e aqueles, que aqui no Barreiro nos últimos quatro anos,  ávidos de poder, o utilizaram de costas voltadas para as populações, apenas como instrumento de promoção própria.
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Com a CDU será retomada uma intervenção ao serviço do povo e do Barreiro e não de interesses individuais ou de grupo.

E se dúvidas existiam, aí está o processo de alteração ao uso da Quinta do Braamcamp (que acabámos de visitar) a confirmar as diferenças entre a gestão CDU e do PS.

Enquanto a gestão anterior da CDU, ao adquirir a Quinta, concretizou uma medida de grande alcance na defesa do património ambiental e da valorização do espaço público ao serviço das populações, a actual maioria PS decide alterar-lhe o uso, para a colocar ao serviço dos interesses imobiliários. 

Há uns dias atrás, houve quem acusasse os autarcas da CDU de só exigirem para os outros fazerem. Uma afirmação falsa que dita na Península de Setúbal ainda se torna mais ridícula.  

Não contem com a CDU para ter nas Câmaras Municipais eleitos que sejam meras correias de transmissão do governo, sobretudo quando as decisões tomadas afectam os direitos e os interesses dos trabalhadores e das populações. 

O exemplo desta afirmação, é o que se está a passar com a decisão de construir o novo aeroporto de Lisboa no Montijo, em que a Câmara do Barreiro, contrariamente à opinião da população que será fortemente afectada, deu parecer positivo à sua construção, contrariamente também à opinião manifestada pelas câmaras da Moita e do Seixal que com o seu parecer defenderam a população e também o interesse nacional. 

A decisão do Governo de alterar a lei para retirar às autarquias poder para defender o interesse das populações mostra que o PS no Governo e na Câmara o que pretendem, é defender a multinacional Vinci. 

Não contem com a CDU para trocar os direitos e os interesses das populações e o interesse nacional, por qualquer contrapartida, seja ela qual for.

Porque estamos a falar de mobilidade, importa recordar que o PS tem fortes responsabilidade na não concretização da terceira travessia do Tejo, uma obra fundamental para o desenvolvimento do Barreiro e do País, que vai melhorar e muito, as ligações Norte/Sul e permitir o fecho do nó ferroviário.

Responsabilidades que se estendem ao não investimento na melhoria das condições nas ligações fluviais entre o Barreiro e Lisboa, penalizando os milhares de trabalhadores que fazem esta travessia todos os dias. 

Mais e melhores ligações que exigem mais investimento nos equipamentos, mas igualmente nas condições de trabalho dos seus trabalhadores.

Camaradas e amigos,

O PS no Governo raramente tem estado do lado certo do desenvolvimento desta região e particularmente do Barreiro. 

O Barreiro confronta-se hoje com sérios problemas de desemprego que são o resultado da política de direita de sucessivos governos do PS, PSD e CDS, com responsabilidades na destruição de milhares de postos de trabalho e na redução da actividade económica. 

Nestes últimos quatro anos, aumentou o desemprego, há menos actividade económica, dezenas de MPME encerraram portas e não se sabe se voltarão a abrir.

Tem sido assim desde meados da década de 80 com a destruição da Quimigal, da Equimetal e da Mompor, ou ainda do parque oficinal da CP que empregava milhares de trabalhadores.


Aos que distribuem promessas de milhões de euros para investimento e anunciando obras, perguntamos, que projectos concretos tem para o Barreiro? 

Que apoios financeiros vai fazer chegar às centenas de MPME asfixiadas financeiramente e sem crédito na banca?

Como vai rentabilizar o espaço da ex-Quimiparque, agora Baía do Tejo?

Mas a falta de investimento público faz-se sentir igualmente nos serviços públicos de educação, saúde e cultura.

Por exemplo, na educação. A abertura do ano lectivo teve início esta semana.

Depois de dois anos lectivos marcados pelo ensino à distância, com degradação significativa das aprendizagens, algumas delas irrecuperáveis, o que se exigia era que o ano se iniciasse com a concretização de um conjunto de medidas indispensáveis à recuperação dos atrasos.

Mas não é isso que está a acontecer!

Ao contrário do plano de recuperação apresentado com pompa pelo Governo, o que temos é menos professores colocados nas escolas até ao momento, menos auxiliares de acção educativa, menos psicólogos e outros técnicos fundamentais no funcionamento das escolas, mas também a não redução do número de alunos por turma.

Na saúde, numa altura em que todos os indicadores confirmam que não se justifica manter medidas restritivas à actividade plena, o que se exige do Governo é que tome medidas de reforço do SNS.

Está na hora de olharem para o SNS.

Medidas que passam em primeiro lugar por valorizar as carreiras dos profissionais, os salários e as condições de trabalho com o objectivo de travar a saída de milhares de enfermeiros, médicos e outros técnicos para o sector privado ou para a emigração.

A falta de profissionais é responsável, por exemplo aqui no Barreiro, por mais de 16.000 utentes sem médico de família.

Profissionais de saúde que apesar de terem tido uma intervenção, quer no combate à Covid-19, quer na concretização do plano de vacinação, reconhecida pelos portugueses como decisiva, ao contrário das palmadinhas nas costas, o que reclamam é que seja reconhecido o seu trabalho. 

Também na cultura vive-se uma situação não compatível com um País que se quer culto e desenvolvido. 

Com a epidemia a servir de desculpa a uma política de destruição do tecido cultural, obrigando milhares de artistas, outros trabalhadores e estruturas a um confinamento total durante mais de um ano e meio, o que se impunha é que o Governo tivesse feito chegar os apoios necessários e terminasse com as restrições.

Não o fez e hoje temos artistas ainda sem qualquer actividade, estruturas que continuam sem funcionar, movimento associativo e popular em grande parte de portas encerradas, impedindo assim que o natural desenvolvimento das condições para a criação e fruição cultural.


Camaradas e amigos,

Existem boas razões para acreditarmos que no dia 26 é possível voltarmos a ter uma maioria CDU na Câmara municipal e nos outros órgãos autárquicos.

É justo e legitimo aspirar a isso mesmo. 

O que norteia a nossa intervenção é o objectivo de procurar dar resposta a uma questão central: como tornar melhor a vida das populações, como fazer estimular a sua participação.
Por tudo isto encaramos com serenidade e grande confiança o acto eleitoral do próximo dia 26.

Estamos certos de que mais uma vez a população do Barreiro saberá separar o trigo do joio e dar à CDU a vitória que merece. 

Confiança que não pode levar ao aliviar da campanha, antes pelo contrário, é fundamental aproveitar as 48 horas que faltam para no contacto individual ganhar para o voto na CDU, todos aquele que ainda estão indecisos ou que possam ainda mudar a sua opção.  

O voto na CDU, é o voto que dá força a quem tem provas dadas na defesa dos interesses dos trabalhadores e das populações deste concelho!

A CDU vale a pena! Viva a CDU!

Viva o Barreiro!