Luís Martins | O que faz falta

Luís Martins
A C.D.U. apresentou, no primeiro dia de campanha, o seu programa eleitoral para a Câmara Municipal de Évora. Nele faz um diagnóstico da situação actual, apontando o que faz falta fazer no próximo mandato autárquico. E tal como na canção do Zeca Afonso, faz falta muita coisa e os tempos parecem ser de novo difíceis.
Faz falta, desde logo, promover uma política de verdade, expurgada de truques de prestidigitação ou jogos de aparências, encarando as pessoas de frente, olhos nos olhos. Faz falta ouvir as populações, ter as suas opiniões em conta nos processos de decisão municipal, criando ou reactivando instrumentos de participação cívica, formais e informais, que coloquem os cidadãos e as instituições de Évora a discutir o seu futuro colectivo. A participação deve estender-se aos próprios trabalhadores da autarquia. Em face da actual escassez de recursos financeiros, este é um recurso que tem de ser valorizado, quebrando, através do seu envolvimento, a tendência para a desmotivação e os graves sinais de paralisia dos serviços.
Ao invés das práticas de gestão errantes e casuísticas vigentes, faz falta planear a cidade e o concelho, juntando quem, nos vários domínios, vive no terreno os problemas de Évora e encontra no dia-dia, formas de os ultrapassar. Planear, em geral, significa poupar recursos.
É assim que é urgente a elaboração de um plano integrado de animação cultural do concelho, envolvendo os agentes culturais e os criadores locais, que se consubstancie numa programação equilibrada, coerente do ponto de vista funcional e útil do ponto de vista temporal. Este é um desígnio fundamental para este território, não só pela necessária reafirmação de Évora como cidade de cultura, mas pela forma intensa como esta temática de cruza com o desenvolvimento do turismo no nosso concelho.
Da mesma forma, faz falta que a autarquia se articule com as escolas do concelho (sem pressas nem imposições) para a elaboração de planos de actividades conjuntos que promovam da interacção escola/meio. Ou que a Câmara se constitua como interlocutor, gestor e difusor de informação, mas também coordenador das respostas de natureza social no concelho.
Faz falta planear e ordenar a cidade, contendo o seu perímetro urbano, ocupando os espaços intersticiais e apostando em corredores verdes. É urgente cuidar do espaço público, da sua higiene e ordenamento, privilegiando intervenções localizadas e eficazes.
E faz falta uma cultura de rede e parceria com outros municípios e instituições para a criação de projectos comuns e obtenção de apoios em domínios como o desenvolvimento económico ou a requalificação urbana à escala regional.
Numa palavra, faz falta animar toda a malta de vontade de mudar Évora, sendo certo que só juntos o conseguimos fazer. E que o poder que justamente se lhe dê tenha a sua primeira expressão no dia 29 de Setembro.
Luís Martins | Professor Universitário
 
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