Sobre os resultados das eleições autárquicas
Excerto da intervenção de Jerónimo de Sousa, Secretário-geral do PCP
07 de Outubro de 2009

(...)

A população da Marinha conhece amargamente o que significaram vários anos de uma gestão desastrosa por parte do PS à frente do município, bem como aqui o evidenciou o nosso candidato à presidência da Câmara – o camarada Alberto Cascalho.  Como também sabe o que ganhou com a gestão da CDU.

Bem se pode dizer que não bastava já aos marinhenses o mal que o governo PS lhes tem feito para terem que agora ser confrontados com a nova ameaça do que significaria o PS somar mais injustiças e incompetências no concelho àquelas que o governo impõe ao país.

Tal não sucederá, estou confiante, porque os trabalhadores e o povo da Marinha Grande não o permitirão.

Mas não foi apenas no Poder Local que o PS se mostrou incapaz de resolver os problemas das populações e do desenvolvimento local, foi a sua política de direita no governo que criou também acrescidos problemas quer ao desenvolvimento da Marinha Grande, quer ao de toda esta região.

Uma política que acentuou o processo de desindustrialização do país e a degradação da situação económica e social e fechou os olhos às práticas de rapina do grande capital financeiro e dos grandes grupos económicos que paulatinamente têm esmagado os nossos sectores produtivos, fazem aumentar o desemprego e atiram para a ruína cada vez mais micro, pequenas e médias empresas.

De facto, a destruição do nosso aparelho produtivo que prossegui com o actual governo do PS,  constitui um dos maiores crimes cometidos contra a nossa economia e a independência do nosso país e é, sem dúvida, uma das principais causas do atraso e do empobrecimento relativo do país a que assistimos.
A Marinha Grande é uma das vítimas desta política e não é por acaso que a nossa  economia tem cada vez mais duas faces, um sector produtivo que definha  e um sector ligado às actividades puramente financeiras, imobiliárias e especulativas, que vai engordando através da actividade de intermediação. Isso vê-se por todo lado, por aqui e por toda esta região, mas também por todo o país.

A desindustrialização do país é dramática no plano do emprego e na criação de riqueza.

Em relação ao emprego é ver o que tem sido a sua destruição aqui nesta região.

Tudo isto é ainda mais chocante quando vemos a desproporção entre as ajudas à banca e às pequenas e médias empresas que é de cerca de 12 vezes!

Um escândalo. Como escândalo é a banca pagar de IRC à volta de 10% no primeiro semestre deste ano, arrecadando milhões em spreads e comissões à custa do sector produtivo que paga a taxa normal de IRC. Isto não tem sentido.

É assim na banca como é assim com os seguros.

Por alguma razão solicitaram algumas associações empresariais a renacionalização da  COSEC – a Companhia de Seguros de Créditos -  que privada, continua não a servir o sector exportador, não as pequenas e médias empresas, não o emprego com direitos, mas os interesses privados e egoístas dos que são detentores desta empresa de resseguros.
Uma medida que, certamente, facilitaria a vida às empresas exportadoras deste concelho da Marinha Grande. Falam muito de apoio às pequenas empresas exportadoras, mas todos têm estado calados em relação às práticas das seguradoras...
Anos de política de direita que, em vez de terem contribuído para a modernização das actividades produtivas nacionais, levaram à estagnação e à consolidação um tecido económico com evidentes debilidades tecnológicas, financeiras, de gestão e comerciais e à falta de competitividade nos mercados interno e externo.
A apropriação pelo grande capital  de importantes sectores produtivos, como é o caso da energia e sectores de serviços estratégicos, como as telecomunicações, os serviços postais ou a rede de auto-estradas pelo capital monopolista e financeiro, constitui um pesado ónus para o Orçamento do Estado, os consumidores e a economia nacional, nomeadamente para as micro, pequenas e médias empresas.
São os mesmos que fazem o mal que agora fazem a caramunha e se apresentam no plano local a responsabilizar não os verdadeiros responsáveis pelo rumo que o país e esta região seguiu – o próprio partido a que pertencem, mas as vítimas das suas próprias políticas.
São os mesmos que tudo fazem para criar dificuldades ao pequeno comércio e apoiam as práticas das grandes superfícies que esmagam cada vez mais os produtores e o pequeno comércio que andam agora por aí arvorados em seus grandes defensores  e a garantir soluções de reabilitação urbana para os Centros Históricos que sempre negligenciaram.

Não há uma mudança efectiva nas políticas de reabilitação urbana sem o reforço dos investimentos na reabilitação das cidades e um mais substancial apoio ao poder local no quadro das medidas anti-crise e de ajuda à dinamização económica local. 

Não tem sido essa a prioridade do governo do PS e tal apoio tem sido marginal.

Os Centros Históricos e revitalização desses espaços e do seu comércio exigem  medidas concebidas de forma integrada com programas de investimento público dirigidos quer à modernização do comércio, quer à reabilitação do espaço público, quer no apoio efectivo à reabilitação dos imóveis degradados, quer na criação de pólos de dinamização cultural e de apoio social que ajudem a dinamizar esses espaços.

Mas também nesta matéria a opção do PS e dos seus governos foi deixar nas mãos do mercado a solução, favorecendo os grandes negócios da banca, particularmente evidente nos grandes centros urbanos.

Ou seja os principais responsáveis pela destruição contínua da nossa capacidade produtiva vêm agora verter  lágrimas de crocodilo e falar também da necessidade de defesa do nosso aparelho produtivo, das nossas micro, pequenas e médias empresas e sacudir a água do capote da sua responsabilidade para cima do poder local pelas consequências das suas próprios políticas.
É perante esta realidade que é preciso dizer basta de mistificações.
É por isso que afirmamos que é preciso um novo governo e uma nova política,  tanto mais que o país precisa como de pão para a boca de se industrializar, de revitalizar e promover o aparelho produtivo.

É que aqueles que dizem que já se vê a luz ao fundo do túnel esquecem-se que essa luz não é de um novo tempo, mas de uma locomotiva que vem em sentido contrário.

A crise infelizmente vai continuar e pode até conhecer novas devastações e tudo isto com o aumento do desemprego e o definhamento do nosso país.
A perspectiva para 2010 de um substancial aumento do desemprego com uma previsível taxa de 11 %  a nível nacional diz-nos quanto urgente e inadiável se tornou a necessidade de pôr um travão a uma política que continua a conduzir o país para o abismo.

Os problemas do país não se resolvem com a mudança de ministros como o PS se prepara para fazer e deixar que tudo continue na mesma, mas com a mudança de políticas.

O que é preciso é mudar a trajectória  da  governação que tem sido seguida. O que o país precisa é de um governo que assuma uma política em ruptura com as políticas do passado e vá ao encontro dos reais problemas do país e os resolva.

Que resolva os problemas e corrija também  as injustiças que o PS cometeu nestes últimos quatro anos e meio, particularmente em relação aos trabalhadores do sector privado e do sector público, aos reformados e aos desempregados. 

A perda da maioria absoluta por parte do PS nas Eleições para a Assembleia da República constitui um factor da maior importância que agora é preciso potenciar reforçando a CDU.

Um reforço que é essencial para dar também  mais força às nossas propostas necessárias à promoção do desenvolvimento do país e à resolução de um conjunto de medidas urgentes que é necessário tomar para que aqueles que mais sofrem com a crise que se instalou possam ver atenuados os seus efeitos.

Para que se dê mais força à luta que travamos para concretizar as propostas do PCP e da CDU de efectiva protecção aos desempregados no acesso ao subsídio de desemprego.

Para dar mais força às nossas propostas e à luta visando  a anulação dos aspectos negativos do Código do Trabalho e da legislação de trabalho da Administração Pública.

Dar mais força às propostas do PCP e da CDU de revogação do actual Estatuto da Carreira Docente e do modelo de avaliação dos professores.

Dar mais força às nossas propostas e à luta pela revalorização das pensões de reforma e dos salários, designadamente do salário mínimo nacional.

Dar mais força às propostas do PCP e da CDU do direito à reforma sem penalizações aos 40 anos de trabalho.

Dar mais força às propostas do PCP e da CDU de apoio aos sectores produtivos como a proposta de congelamento dos preços da energia, das telecomunicações e da  eliminação do Pagamento Especial por Conta e para tornar o crédito acessível.

Esta é uma razão adicional para votar CDU nas eleições do próximo dia 11 de Outubro!

Razões que somam às razão primeira - nestas eleições - que é a de garantir que a CDU possa prosseguir, se possível reforçada, o trabalho e a obra que retomou após 12 anos de desgoverno do PS na autarquia.

Eleições às quais a CDU se apresenta com a confiança de quem tem obra realizada e um trabalho que nos distingue de outras forças políticas. 

Não é por acaso que a CDU no Poder Local se apresenta com um mais amplo apoio.

Na verdade tem sido possível, pela confiança que em nós têm depositado as populações, mostrar o nosso distinto projecto, a qualidade do trabalho dos nossos eleitos e a justeza das suas opções que têm em conta os reais interesses e aspirações a uma vida melhor das populações.

É por isso que nós temos confiança que, como noutras eleições para as autarquias, muitos dos eleitores de outras forças políticas, continuem a dar o seu apoio e o seu voto à  CDU, premiando a sua distinta intervenção nas autarquias.

(...)

denuncia_responde_modulo1.jpg
apoiantes_modulo.jpg

Não há novos eventos
AutárquicasNoticiasTemasCandidatosVídeosApoiantesCampanhaMarchaOpiniãoreportagem