A ser levada a sério, a peça exibida no passado Domingo pela vossa estação, no Jornal da Noite, alusiva às eleições autárquicas em Setúbal, ser-se-ia levado a concluir não haver local pior para viver do que a cidade de Setúbal.

O descaramento e a manipulação informativa conheceu um dos seus mais tristes e medíocres episódios com a publicação de uma suposta “sondagem” hoje na capa do Jornal Metro.
Na verdade, a capa do  jornal constitui uma miserável e grosseira manipulação informativa destinada a condicionar a opção dos eleitores, tanto mais inaceitável quanto tem por base um inquérito de opinião aos trabalhadores do vosso jornal que é apresentado, na prática, como suposta sondagem eleitoral, e que não pode ser interpretada com outro objectivo que não o de enganar intencionalmente os seus leitores.

Exigir-se-ia ao serviço público de radiodifusão uma cobertura noticiosa da campanha eleitoral pautada por critérios de isenção e pluralismo.
Não parece ter sido essa a opção dessa estação. Dia após dia, como já tivemos ocasião de observar por contactos directos ou protesto escrito, a Antena Um tem mantido uma ostensiva linha de apagamento e desvalorização da campanha da CDU nos seus espaços de informação.

Decorridos que estão 9 dias sobre o início do período oficial de campanha eleitoral, e após dezenas de noticiários que diariamente foram sendo realizados, a CDU não pode deixar de manifestar formalmente a sua contestação quanto aos critérios que, de uma forma inaceitável, foram secundarizando a campanha da CDU ao longos destes dias.

A peça exibida ontem - dia 17 - no Telejornal das 20 horas sobre as opções de voto de 700 mil eleitores que estão pela primeira vez inscritos nos cadernos eleitorais constituiu uma habilidosa construção de favorecimento de uma determinada força política.

A cobertura feita por essa estação, no primeiro dia da campanha e, em particular ao comício realizado pela CDU em Évora, constitui um inquietante sinal sobre os critérios que podem estar a determinar a sua intervenção neste período eleitoral.

Face à ilegal remoção de propaganda da CDU por parte da Câmara Municipal de Lisboa, em Julho, e à queixa da CDU, a Comissão Nacional de Eleições condenou a sua atitude. Instou-a a repor a propaganda no prazo de 48 h, sob pena de, não o fazendo, ser acusada de crime de desobediência. A CNE cita ainda o Acórdão do Tribunal Constitucional nº 310/2009 que afirma “…a Constituição estabelece, como principio de direito eleitoral, a liberdade de propaganda, que se entende aplicável, às campanhas e pré-campanhas eleitorais, e que constitui uma manifestação particularmente intensa de liberdade de expressão…”.
Ler Parecer da CNE e carta dirigida a António  Costa