Nota do Gabinete de Imprensa da CDU

Uma recessão há muito anunciada

Os números hoje divulgados pelo INE confirmam aquilo que há muito se admitia, o país entrou pela segunda vez em recessão nos últimos três anos.

Uma queda do PIB pelo segundo trimestre consecutivo (4º trimestre de 2010/1º trimestre 2011) de 0,7% e uma quebra no mesmo valor para o trimestre homólogo. Uma recessão determinada pela queda abrupta da procura interna, designadamente do consumo das Famílias e do Estado, com o investimento a manter uma evolução negativa.

O PCP reafirma que na origem desta recessão está a política de direita, os sucessivos PEC's e Orçamentos de Estado que lhe deram expressão, o rumo de desastre nacional que PS, PSD e CDS impõem há mais de 35 anos. Uma recessão que é inseparável do roubo nos salários e pensões, dos cortes nas prestações sociais, na degradação acentuada do investimento público, da submissão face às imposições da União Europeia e de uma orientação geral destinada ao favorecimento dos grupos económicos, da especulação financeira e da máxima acumulação e concentração de riqueza nas mãos do capital.

Uma recessão que se aprofundará caso venha a ser concretizado o pacto de submissão e agressão externa que PS/PSD/CDS querem impor ao país, onde se perspectiva o aprofundamento das medidas recessivas que nos trouxeram aqui. Com o ataque aos rendimentos dos trabalhadores e dos reformados, o pacote de privatizações, a liquidação de prestações sociais e serviços públicos e os apoios directos que estão considerados para a banca e para os juros de quem financia esta intervenção, não se poderá esperar outro cenário que não seja o de uma acentuada quebra na actividade económica, do empobrecimento do país, da cada vez maior dependência externa.

A própria Comissão Europeia vem hoje confirmar, nas suas previsões de Primavera, a recessão no nosso país em 2011 e 2012 ao estimar uma queda no nosso PIB de -2.2% em 2011 e de -1,8% em 2012, acompanhada por uma aumento do desemprego (12,3% em 2011 e 13% em 2012) e uma queda do emprego (-1,5% em 2011 e em 2012). Desta forma, fruto deste pacote de medidas aprovadas pela troika estrangeira (FMI/BCE/CE) e nacional (PS/PSD/CDS), ir-se-ão perder mais cerca de 150 mil postos de trabalho só em 2 anos e o desemprego, em sentido lato, atingirá cerca de 900 mil portugueses.

O PCP considera que a gravidade da situação do país, em vez do rumo de desastre que o programa comum de PS, PSD e CDS revelam, reclama a imediata renegociação da dívida pública; a adopção de uma política dirigida ao crescimento económico e ao emprego por via da valorização da produção nacional (com a crescente substituição de importações por produção nacional e o reforço do investimento); a tributação dos grupos económicos e financeiros e da especulação; a valorização dos salários e pensões, para combater as injustiças, estimular o consumo e a actividade económica.

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