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Homenagem a Catarina Eufémia: Um exemplo que perdura na luta que continua

Catarina Eufémia foi assassinada por liderar uma luta que operárias agrícolas de Baleizão que exigiam ao agrário pão e trabalho – hoje, 57 anos depois, há mais de 600 mil trabalhadores portugueses sem trabalho e dois milhões com muito pouco pão, no limiar da pobreza. Foi desta forma que João Ramos, primeiro candidato da lista da coligação PCP-PEV por Beja, destacou a actualidade da luta que vitimou Catarina Eufémia no comício em sua homenagem realizado ao final da manhã em Baleizão. O deputado comunista chamou ainda a atenção para o facto de hoje, 37 anos depois do 25 de Abril, estarem seriamente ameaçados direitos tão fundamentais como o direito a um horário de trabalho digno, a um salário justo e mesmo a um posto de trabalho.

Jerónimo de Sousa, por seu lado, lembrou que quando Catarina Eufémia caiu varada pelas balas assassinas da GNR ainda faltavam 20 anos para a Revolução de Abril. Antes e depois dela, outros antifascistas caíram ou pagaram um elevado preço pela sua opção de lutar em defesa da dignidade dos trabalhadores, pela liberdade e pela democracia. Os seus exemplos dão força, ânimo e coragem para as duras lutas que hoje travamos, acrescentou o Secretário-geral do PCP.

O processo revolucionário de Abril – que teve na Reforma Agrária um dos seus momentos mais luminosos – e a contra-revolução que se lhe seguiu mostram, para Jerónimo de Sousa, que os direitos não são eternos no capitalismo e que da mesma forma que são conquistados pela luta organizada das massas podem também ser perdidos por acção da política de direita. A Reforma Agrária foi uma «processo revolucionário» que nasceu do proletariado agrícola alentejano e ribatejano que deu emprego às gentes do Alentejo e pôs finalmente as suas terras a produzir para o País.

Destruída a Reforma Agrária, restabelecido o latifúndio, há milhares de hectares ao abandono e as novas gerações são forçadas a abandonar a região (ou o País) em busca de emprego. Portugal produz hoje apenas 11 por cento do trigo que consome.

Jerónimo de Sousa reafirmou ainda as propostas do PCP para a dinamização da agricultura na região, nomeadamente a sua antiga mas sempre actual proposta de criação de um banco de terras do Estado. O Plano Estratégico para a Zona de influência de Alqueva, apresentado pelos comunistas nesta legislatura e que a dissolução do Parlamento impediu que fosse votado, será novamente apresentado depois das eleições, garantiu Jerónimo de Sousa.

O comício no largo de Baleizão seguiu-se a uma romagem iniciada no cemitério onde está sepultada Catarina Eufémia. Ao longo do percurso, o Secretário-geral do PCP e os candidatos da CDU saudaram e foram saudados por muitos baleizoeiros.

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