Amadora com a alternativa patriótica e de esquerda
«Criar mais riqueza e distribuí-la melhor»
Sábado 14 de Maio de 2011Na cidade de Abril que tanto tem sido fustigada por décadas de política de direita, Jerónimo de Sousa sublinhou que, no contexto do maior ataque aos rendimentos e direitos dos trabalhadores e do povo português, é urgente «criar mais riqueza e distribuí-la melhor».
O apelo foi feito no final de um almoço que reuniu mais de centena e meia de apoiantes da CDU no salão dos Bombeiros Voluntários da Amadora, cidade que, como sublinhou Sónia Baptista na intervenção que antecedeu a do secretário-geral do PCP, é o reflexo da destruição do aparelho produtivo nacional, das carências nos serviços públicos de saúde e educação, do desemprego e da precariedade, particularmente entre os mais jovens, da falta de investimento público.
O cenário traçado conjuga com a política de direita levada a cabo por sucessivos governos nos últimos anos e agravado por seis anos de governo PS/Sócrates. «Soubemos ontem que continuamos em recessão», notou Jerónimo de Sousa, facto que torna evidente o que o PCP e a CDU vêm dizendo. «O País está a andar para trás», recuo civilizacional que não é de hoje, disse, mas ao qual assistimos mesmo antes da imposição do destas medidas por parte da troika».
A destruição da Sorefame, empresa emblemática do concelho e do País, prosseguiu, é um caso paradigmático de que PS, PSD, e CDS levaram a cabo uma política subserviente aos ditames do directório da UE, cujo objectivo foi destruir o aparelho produtivo nacional. Na agricultura e pescas, metalomecânica, construção naval, exploração mineira, por exemplo, o resultado foi o desaproveitamento dos recursos e potencialidades nacionais.
A crise estrutural criada pelos partidos da política de direita aliada ao apetite voraz e à especulação do capital financeiro, criou um país deficitário. A solução de PS, PSD e CDS foi pedir o que chamam de «ajuda externa», frisou o secretário-geral do Partido, para quem, à primeira dificuldade dos banqueiros, foram logo pedidos 78 mil milhões de euros, montante cuja maior parte fica logo cativa para os cofres dos mega-bancos.
Quem vai pagar tudo isto?, questionou. «Isso, os que se ajoelharam perante o FMI, CE, e BCE, querem esconder». Não querem que se saiba e por isso encenam «folhetins do género eu tenho programa e tu não, e o meu é melhor que o teu, quando o programa deles é comum, é o da troika, é o da ingerência externa, o do maior ataque aos rendimentos dos trabalhadores e do povo».
São os cortes nos salários e pensões, nas comparticipações dos medicamentos e nos apoios sociais, os aumentos do IMI, das taxas moderadoras e das taxas de juro no crédito à aquisição de habitação própria, que vão pagar os juros cobrados pelo FMI e pela UE a título dos 78 mil milhões de euros, explicou.
Portugal vai pagar mais de 30 mil milhões de euros de juros, precisou Jerónimo de Sousa, mas o rumo de desastre não é inevitável, por isso impunha-se a venda de parte dos títulos de dívida pública que detemos, por exemplo, do Japão e dos EUA, e o investimento desse dinheiro na dívida pública portuguesa; bem como a renegociação da dívida nos seus prazos, montantes e juros, propostas que eles não querem sequer ouvir falar.
Como não querem ouvir falar da questão central de «produzir mais para dever menos», concluiu o secretário-geral comunista antes de deixar um forte apelo ao voto na CDU no dia 5 de Junho, a força que acredita no futuro de Portugal e cujo reforço acrescenta força à luta por um País de progresso e justiça social.